quarta-feira, 4 de março de 2009

“Na Basiléia foi fundado o Estado Judeu...Talvez daqui a cinco anos, com certeza em cinqüenta, todos se darão conta disso”

Theodor Herzl, o inventor do sionismo nasceu em Budapeste em 1860. Em 1878 a família se mudou para Viena, e, em 1884 Herzl terminou o curso de Direito na Universidade de Viena. Convencido de que sua verdadeira vocação era o jornalismo, abandonou o direito e passou a se dedicar às letras.

Foi correspondente, em Paris, do jornal vienense, "Neue Freie Presse", de onde mandava artigos que causavam impacto.Seu primeiro encontro com o anti-semitismo, que iria moldar a sua vida e o destino dos Judeus no século XX, foi ainda como estudante na Universidade de Viena. Mais tarde, durante a sua estadia em Paris, ele foi colocado frente a frente com o problema. Nessa época, ele passou a considerar que o anti-semitismo era, na verdade, uma questão social e acreditava que a assimilação e a conversão de judeus não era solução para o problema.


Em 1894, o Capitão Alfred Dreyfus, um oficial judeu do exército francês, foi injustamente acusado de traição. Herzl testemunhou multidões que saíam às ruas para gritar “morte aos judeus”, na França, berço da Revolução Francesa, e chegou à conclusão que só existia uma única solução para esse problema: a imigração em massa de judeus europeus para uma terra que pudessem chamar de sua. Considera-se que o Caso Dreyfus foi um dos fatores determinantes para o surgimento do Sionismo Político. Herzl concluiu que o anti-semitismo era uma mal perene e imutável, enraizado na sociedade européia.


Ele desenvolveu a idéia da soberania judaica, e, a despeito de ter sido ridicularizado pelos líderes comunitários judeus, escreveu, em 1896, seu livro "O Estado Judeu". Nesta obra, Herzl argumenta que a essência do problema judaico não era particular, mas nacional e declarou que os judeus só seriam aceitos na comunidade mundial ao se tornar uma nação como as outras. Para ele, a questão judaica era uma questão política internacional e deveria ser debatida nas arenas políticas internacionais.

Herzl propôs um programa de arrecadação de fundos junto a judeus ao redor do mundo, através de uma organização comunitária que trabalharia na consecução desta meta (essa organização, quando foi finalmente fundada, recebeu o nome de Organização Sionista Mundial). Ele via esse Estado como sendo um estado socialista modelo, neutro, partidário da paz e de natureza secular. Herzl imaginou o futuro Estado Judeu como uma utopia socialista. Ele previu uma nova sociedade que iria nascer na Terra de Israel, cooperativista, e que se utilizaria da ciência e da tecnologia para seu desenvolvimento.O Estado Judeu é descrito como uma nação pluralista, uma sociedade moderna e avançada, uma “luz entre as nações.”

As idéias de Herzl foram recebidas com entusiasmo pelas massas judaicas do leste europeu, apesar de terem sido recebidas com frieza pelas lideranças comunitárias. Herzl conclamou os judeus de posses, como os barões Hirsch e Rothschild para se juntarem ao Movimento Sionista, mas, seus esforços foram em vão.

Ele então apelou ao povo, e o resultado foi a convocação do Primeiro Congresso Sionista, na Basiléia, Suíça, em agosto de 1897, primeira reunião mundial de judeus em bases nacionais e seculares, onde os delegados elaboraram o programa do Movimento Sionista e declararam que o sionismo é “um movimento que procura estabelecer na Palestina, um Lar Nacional para o povo judeu.” Neste Congresso foi fundada a Organização Sionista Mundial como o braço político do povo judeu, e Herzl foi eleito como seu primeiro Presidente.No total, Herzl convocou seis Congressos Sionistas entre 1897 e 1902, onde foram criadas duas das principais ferramentas do ativismo sionista, o Fundo Nacional Judaico e o jornal que se tornou o porta-voz do movimento, o Die Welt (O Mundo).

Herzl percebeu que precisaria do apoio das grandes potências a fim de alcançar os anseios do povo Judeu, e, para isso, viajou para a Palestina e Istambul, em 1898, para encontrar-se com o Kaiser Guilherme II, da Alemanha e com o Sultão Abdul Hamid do Império Turco-Otomano. Quando estes esforços se mostraram infrutíferos ele concentrou seus esforços junto à Grã-Bretanha, tendo se encontrado com o Secretário das Colônias Joseph Chamberlain e saiu de lá com uma proposta concreta de se fundar uma região autônoma judaica no local onde hoje está Uganda, proposta que foi recusada pelo Movimento Sionista, no Congresso de 1905.

Herzl morreu em Viena, em 1904, já com a saúde abalada pela pneumonia e problemas no coração.