terça-feira, 27 de setembro de 2011

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Mané tinha três graves pendências das quais duas foram resolvidas hoje. Mané vem lidando com esses problemas há meses. Há meses elas pendem sobre sua cabeça qual cimitarra afiada e ele imaginava que quando fossem resolvidas, poderia enfim respirar aliviado. Agora que grande parte da adversidade sumiu, evanesceu-se, Mané, ao invés de ficar leve e feliz, passou o dia a se arrastar, sentindo um vazio na alma. 27/09/2011
Até a adolescência Mané viveu nos Campos Elíseos, pelas imediações da Av. Rio Branco com a Duque de Caxias. Isso faz mais de 40 anos e o lugar já dava sinais de forte decadência. Hoje Mané foi levar e buscar seu filho no SESC Bom Retiro que fica por ali. Mesmo com tudo caindo aos pedaços, mesmo com uma vizinhança pra lá de suspeita, Mané sente uma estranha sensação de bem estar ao circular por aquelas paragens. 18/09/2011.
Dia desses falaram que o carro que Mané acabava de comprar era feio. Mané ficou um pouco ressabiado apesar de já não se importar com beleza, mas, com custo/benefício. No entanto, diante de tal audácia respondeu que tinha poucas oportunidades de ver seu próprio carro posto que quase sempre se posicionava na parte interna. Que os outros comprassem carros bonitos para Mané admirá-los de dentro do seu. 16/09/2011
Mané foi parado na Paulista por um repórter com câmera e microfone que lhe perguntou onde ele estava no dia 11/09/2001. Mané pensou um pouco e disse pro cara que não sabia e foi logo embora. Mas Mané lembra sim. Naquele dia, depois de tomar ciência da confusão, certificou-se de que os seus estavam em segurança e foi ao cinema aqui mesmo na Paulista. O filme se chamava “À espera de um milagre”! 05/09/11
Mané sabe que nos meios civilizados, por necessidade ou até mesmo medo, não se pode dizer em voz alta pensamentos e opiniões que se tem sobre algumas coisas e pessoas. Por isso ele descarrega aqui, às vezes com graça, n´outras não, todo o azedume que o consome no dia a dia. 01/09/2011
Mane diz ao doutor que está cansado de dietas, exames, checkups. Cansado de tanto se cuidar. Mané quer viver como quiser e o quanto tiver que viver. Não dizem que já está tudo escrito, maktub? Mané só quer ter a sorte de ter uma morte fulminante. O médico ri e diz que isso não é mais assim. Hoje em dia uma das coisas mais difíceis é ter uma morte rápida, sem sofrimento nem dor. Num hospital então, não se morre mais! 24/08/2011
A mãe de Mané teve um problema no joelho. Quando fez exames para operar, descobriram problema no coração. Tem que operar o coração, disse o médico. E o joelho?, perguntou Mané. Esquece! Enquanto se preparava para operar a artéria, a mãe de Mané teve uma embolia pulmonar. Na UTI, enquanto se recupera da embolia, Mané pergunta: e o coração? O médico diz: esquece! Mané deseja que o próximo problema seja unha encravada! 19/08/2011.
Milu comeu algo na rua e ficou com diarréia. Mané ficou preocupado, mas o cãozinho colaborou e fez suas necessidades no lugar certo. Cortava o coração ver o bichinho correr a cada pouco para se aliviar no jornal e voltar com a cara constrangida. Tomou remédio, água de coco e em um dia as coisas melhoraram. Há pouco voltou a fazer coco durinho e Mané nunca imaginou que fosse ficar feliz de rever os charutos de bosta. 16/08/2011.
Mane ontem estava deprimido e entrou numa padaria chique para meter o pe na jaca e eis que o estabelecimento estava fechando e já nada restava para degustar, assim resolveu comprar um saquinho de balas "jujuba". Desgraça maior: Mane descobriu que tal confeito já não existe. Prozac, então? 15/08/2011
Mane imitou a filha, que trocou o idioma do facebook para o espanhol, e passou a usar o frances, assim pra se divertir. Agora ele nao aperta mais o botao "curtir", mas o elegante "j'aime"! Quando aparece algum evento ele pode escolher, oui, non, ou Peut-être. Agora, por ex, ele vai "partager" com voces essa besteira atraves de um telechargement a partir d'un iPad.11/08/2011
As aulas do filho de Mané começaram na quarta passada mas ele ignorou este fato e só compareceu ao PVL no dia de hoje para a sua caminhada. O parque o recebeu cinzento e carrancudo, tão feio que Mané ficou com medo e decidiu encurtar o exercício. Voltou logo pra casa e para seu auto-consolo pensou que não dá pra retomar as coisas todas assim de supetão. Hoje já começam a semana e o mês. A caminhada só amanhã.01/08/2011
O filho de Mané pergunta: “existe bicho chamado Coscoroba?” Mané faz um muxoxo e diz que “claro que não existe!” O filho apenas olha desapontado. Tempos depois num zoológico, no lago imundo para aves, no canto dos cisnes, uma placa: “Cisne Coscoroba”! Mané, ao ler aquilo, olha pro filho de soslaio. “Pouco depois, já na área dos hipopótamos, o filho de Mané o abraça e diz: pai, vc viu o bicho chamado Coscoroba”? 23/07/2011
Mané acha que existe gente a ser evitada. No entanto, os mais insuportáveis são os “ex”, aqueles que antes faziam alguma coisa e agora já não fazem mais. Experimente ponderar, por exemplo, com um ex-fumante. Que dirá então argüir com um ex-carnívoro, ou ex-vegetariano? Já viu como defende a causa um ex-gordo, que nunca fica magro por muito tempo? Ou como exala ódio um ex-jogador de farmville? Mané anda intolerante! 19/07/2011
Mané já teve ataques pelo monte de boletos a pagar todo dia. Para diminuir o trabalho resolveu pagá-los em blocos. Com o tempo, porém percebeu que cada pagamento lhe traz um pouco das suas vivências. O boleto do túmulo do tio que em vida foi um desafeto, o cartão da mulher, a inutilidade da TV a cabo, o clube onde faz tanto tempo não põe os pés, plano de saúde, INSS, escola, natação, 5 telefones...5? ué, somos 4...18/07/2011
Mané pegou gripe ontem e por isso caiu da cama as 6:15 neste sábado. Foi ao computador, viu fotos, jogou, respondeu maleducadamente dois emails e espirrou. Conversou um pouco no fb, tomou água, chá, remédio e sentiu frio. Voltou pra cama, teve um acesso de tosse e diante das reclamações que ouviu, levantou-se, foi ao computador, viu fotos...16/07/2011
Mane trabalhou 20 anos num Banco e mais algum tempo em outros dois lugares. Nesse período teve que agüentar chefes, funcionarios e colegas de trabalho escrotos e sabe que também foi "agüentado" por eles. Atualmente, em plena fase de tolerância zero, Mane não agüenta mais nada mas alguns ainda sao obrigados a agüenta-lo.14/07/2011
Quem inventou essa coisa de fazer exercícios?, perguntou-se Mané ao se deparar com a imensidão vazia e gelada do PVL. Ele até que tentou fazer a sua caminhada apesar de estar com os joelhos congelados. Mané coçou a barriga e ao sentir uma gotinha de garoa que lhe caiu na testa, deu meia volta e procurou abrigo na padaria mais próxima onde uma média quentinha e um pãozinho na chapa lhe devolveram a vontade de viver. 07/07/2011
Mané não tem habilidade com humanos. Não que Mané seja uma pessoa fácil, mas o problema são os outros. Mané acha os cachorros mais fáceis. Xixi no lugar errado, um castigo. Dois minutos depois, lambida, afago e a relação preservada. Humanos agem diferente. Chega uma visita. Pelas tantas a pessoa levanta e faz um xixi no pé do sofá. Como fica? Não, não, humanos não fazem isso, fazem pior e não há castigo que de jeito. 25/06/2011.
Mane está muito chateado com o Muricy Ramalho que teve três chances de ganhar aquela copa sulamericana com o tricolor e jogou todas fora. Tudo bem, o time do litoral ganhou, mas agora, de repente, todo mundo virou santista e foi ao Pacaembu na quarta? 24/06/2011.
Mané se diverte com a maneira como as pessoas supostamente expõem suas vidas nas chamadas mídias sociais. Quem lê acaba achando que sabe tudo sobre todo mundo e até mesmo se assusta com a revelação das privacidades, mas a verdade é que os segredos continuam em segredo e o fato é que ninguém sabe ao certo o que ocorre com os outros à sorrelfa, entre quatro paredes, à luz do dia e principalmente na calada da noite. 17/06/2011.
Mané aprendeu que os filhos são fonte inesgotável de prazer e de frustração. Quando nascem acreditamos ter posto no mundo príncipes e princesas. Logo notamos, porém, que são seres humanos com suas qualidades e defeitos. A difícil lição é saber a amá-los como eles são e não como queríamos que fossem. Temos que aprender a não esperar nada deles pois tudo que vier, sempre vem muito, será uma fonte inesgotável de prazer. 13/06/2011.
Desde que nasceram seus filhos, Mane não sabe o que e ficar sozinho consigo mesmo. Primeiro a menina e depois o menino, intensivamente grudados, o tempo todo, todos juntos. Agora já crescidos, Mane tem um pouco da liberdade que outrora ansiava e por ironia, sente falta de quando as crianças não desgrudavam. O tal ninho vazio. 04/06/2011.
‎2 meses atrás Mané foi fazer um check-up e ouviu do seu médico que os resultados eram bastante satisfatórios. No entanto, desde então, o doutor pediu alguns exames suplementares e por isso Mané tem se submetido a experiências verdadeiramente torturantes. Mané acredita que os médicos são sadicos e por isso vai odiá-los até a terceira geração. 03/06/2011.
Mané tem preferência por temperaturas baixas, como essas que têm feito. Graças à sua camada protetora de gordura, convive bem com ventos polares e noites enregelantes. Debaixo do edredon, Mané dorme de short e camiseta e chega a sentir calor durante a noite. De manhã, no PVL, Mané vai com o mesmo short que usa no verão e o moleton, comumente é retirado ao meio da caminhada. Mané considera-se uma usina de calor. 31/05/2011.
Mané, 55, entrou na computação através do sistema DOS e por isso acha admirável e tem alguma dificuldade para entender o mecanismo das telas deslizantes dos monitores touch screen. Já sua sobrinha neta, 5, geração do séc. XXI, vira e mexe tenta movimentar as coisas na televisão com o seu dedinho e tem dificuldade de entender porque todos os monitores do mundo não tem telas deslizantes.26/05/2011
Mané recolheu-se no horário de costume, lá pelas onze, envolveu-se gostosamente no edredon e ficou curtindo o quentinho enquanto o mundo congelava lá fora. Ficou assim aninhado, lendo um pouquinho, mais um pouquinho, outro pouquinho e ainda outro pouquinho e nada do sono aparecer. Lá pela uma, Mané desistiu, levantou-se, enrolou-se num cobertor e ficou na sala enquanto a casa ainda dorme. Mané manda dizer bom dia! 17/05/2011
Mané conversa com um amigo que lhe conta como é a vida pós-separação, depois do naufrágio de um casamento de 35 anos. Mané escuta consternado tentando absorver as peculiaridades de uma realidade distante. Pelas tantas pergunta ao amigo, afinal do que é que ele sentia mais falta, nessa nossa vida celibatária. E o amigo lançando-lhe um olhar inquietante lhe diz; “sinto falta de tudo que eu tanto detestava antes!” 14/05/2011
Mané é um sujeito organizado e costuma manter sua correspondência em dia. Para não deixar nenhum email importante sem resposta, ele deixa os não respondidos na sua caixa de entrada e sempre acaba respondendo. Acabava, pois Mané já não é mais o mesmo e deprimiu-se hoje ao perceber que na sua caixa de entrada tem muitos mais emails do que na lixeira. Mudou Mané ou mudou a qualidade dos emails que recebe? 11/05/2011.
Mané levanta da mesa e informa à responsável pelos serviços gerais que ela pode tirar a mesa e jantar ou jantar e tirar a mesa, que ficasse ela à vontade. Antes de sair ele se lembra daquelas esfihas que estão indo e vindo há três dias e lhe diz gentilmente e sem maldade que, se não as comer, pode jogá-las fora. Pouco depois, na sala, Mané se toca e pensa que ele próprio não gostaria de escutar uma coisa dessas. 09/05/2011.
Mané leva frutas e barrinhas de cereais para comer no carro, jornais e revistas para ler, faz uso intensivo do telefone e também ouve músicas e notícias. Além do trânsito, o que mais tem irritado Mané são esses adesivos de família feliz na traseira dos carros, mãe, pai, filhos e cachorro. Dia desses, no entanto, Mané viu um mais interessante: um homem cercado de duas mulheres e múltiplos corações em volta do trio. 04/05/2011
Mané volta da padaria e se depara com o olhar inquiridor de Milu. Mané lhe conta que a Dilma está com pneumonia e Milu continua a observá-lo impassível. Mané então revela ao cão que Bin Laden morreu e ainda assim não obtém nenhuma reação. Quase desistindo Mané lhe diz que neste momento, segunda feira cedo, está tendo uma corrida de Formula Indy na marginal do Tietê. Incrédulo, Milu lhe dá as costas e volta pra cama. 02/05/2011.
Aos 13, quando começou a usar óculos, Mané maravilhou-se com o que viu: o contorno das folhas das árvores, por exemplo, que antes eram apenas enormes manchas verdes. Hoje, na fase multifocal, Mané tem que encontrar a melhor posição para enxergar, numa batalha insana com a tecnologia da visão. Mané tem dado preferência para a visão borrada e deixa os óculos sobre a mesa, também porque nem sempre gosta muito do que vê. 28/04/2011
Mané vai ter que mudar de hábitos. Hoje no PVL tinha estacionamento lotado outra vez. Mané deu duas voltas por ali, não achou lugar e ao invés de dar vazão ao ódio que vem sentindo pela cidade, sacou o telefone e avisou seu companheiro de caminhada de que estava desistindo da caminhada. Sentiu alívio depois da decisão apontou o nariz do carro para a saída e foi embora. No caminho, teve a idéia de lavar o carro, coisa que não fazia desde novembro do ano passado e ficou satisfeito assistindo à remoção das diversas camadas de sujeira. Mané se sentiu com a energia represada durante todo o dia. Por onde será que ela vai sair? 12/04/2011
Mané chega ao PVL já atrasado em pleno stress logo às 7 da manhã. Depara-se com o estacionamento cheio e para num canto à espera de uma vaga. Outros automóveis circulam pelo local com a mesma finalidade. Abre uma vaga e Mané deixa um carro que estava à sua frente estacionar. Tem mais dois, Mané é o terceiro. A vaga que se abre para Mané está uns 15 metros longe e quando ele se prepara para tomar posse, é ultrapassado por uma mulher num daqueles carros grandes que entra na vaga destinada a ele assim sem mais. Mané hesita sobre que atitude tomar, mas em seguida abre uma vaga ao lado desta para onde Mané se dirige e a cara de pau lhe diz que aquela vaga, a segunda, ela estava guardando para sua amiga que já estava chegando. Mané pensa não ter ouvido direito e então estaciona o carro e vai em direção à pista tentando não ficar nervoso. A mulher vem atrás e começa a chamá-lo de tudo quanto é nome e Mané se dispõe a lhe explicar que era ela que estava errada, aliás duplamente errada. Ela se descabela, xinga a mãe de Mané e o chama de idiota. Mané, ainda tentando manter a calma vira-se para a mulher que continua andando e gritando atrás dele e diz: "to tentando explicar que a errada é você, você é surda, não quer entender ou é burra, então se você continuar a me xingar e gritar na minha orelha eu vou meter a mão na sua cara"! Depois disso Mané foi fazer a sua caminhada em calma! 07/04/2011
Mané já está quite com a receita federal. Mandou a declaração e pagou tudo o que tinha que pagar não sem sentir muita dó do destino de seu suado dinheirinho. Mané pensa nisso todo dia quando fica duas horas parado no trânsito, quando seu carro cai em buracos municipais, estaduais e federais e quando escuta idiotas como esse Kassab que tem a cara de pau de declarar que apóia todo mundo, até aqueles que eram adversários ainda ontem, ou mais idiotas ainda como esse Bolsonaro. E o mais triste é que eles são apenas mais um nessa imensa fila de porcarias que nos governam e administram nosso dinheiro. Na verdade eles não são idiotas. Idiotas somos nós. Aliás não somos idiotas, somos manés! 06/04/2011
Mané sai todo dia às 6:40 da manhã com o o filho. Duas vezes por semana a filha vai junto. Nesses dias o filho é deixado na escola, a filha na faculdade e depois Mané vai ao parque, às vezes não! Todo esse trajeto é feito naquele ambiente de quem acaba de sair da cama, ninguém emite nenhum som, a não ser o rádio, que invariavelmente está ligado na CBN. Todos em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos. O filho desce depois de um breve “tchau” e a filha continua no banco de trás. Mané vai de “choffeur” até a filha descer pouco depois com outro breve “valeu”! Nessa hora, um pouco mais acordado, Mané sempre se pergunta: isso é normal? 05/04/2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Pela manhã Mané deu pela falta da carteirinha do plano de saúde e não teve alternativa a não ser voltar ao laboratório onde o médico o tinha chamado de gordo. Lá chegando dirigiu-se à recepção. Depois de explicar o seu propósito, a moça lhe perguntou qual tinha sido o médico que o atendera. Mané tentou lembrar o nome do tagarela, mas não conseguiu e a moça, atenciosa, lhe perguntou qual tinha sido o exame, o horário e etc. Quando Mané respondeu ela se aproximou por trás do balcão e lhe confidenciou ao pé do ouvido: “era um doutor falastrão? Um varapau, esquálido, descarnado, franzino e feio”? 31/03/2011
Dando andamento ao checkup, Mané está lá deitado enquanto um doutor tagarela o lambuza com gel e fica passando um troço gelado no peito. Mané está visivelmente desconfortável além de temer pelos resultados que podem advir de tanta procura. Mané acha que quem procura as doenças acaba as achando. Mas, enfim, o doutor termina seus trabalhos e finalmente fecha a sua matraca. Enquanto limpa toda a porcariada e remove aqueles adesivos depiladores Mané aproveita o minuto de silêncio do médico e pergunta se está tudo bem e este lhe responde que sim, “está tudo certo; pena que você esteja tão gordo”. 30/03/2011
Mané cabulou o PVL mais uma vez e chegou em casa com resquícios de sono. Mané tinha intenção de deitar novamente mas hesita porque Milu, o cão, está deitado de través bem na porta do quarto. Se Mané abre e entra, o cachorro entra junto e aí ninguém mais dorme. Diante da possibilidade de ficar escutando pelo resto do dia reclamações da esposa por não deixá-la dormir, por não controlar o cachorro, por isso e por aquilo outro, Mané decide se esparramar na cama do filho mas, ao fazer isso, lembra que não gosta do travesseiro dele, além de achar a cama meio apertada o que o faz ter medo de se virar e bater com a cabeça na quina do móvel...enfim. Mané levantou e olhou de esguelha para o cachorro que sustentou o olhar. Mané então abriu uma fresta da porta e retirou-se para a sala furtivamente, não sem antes perceber a alegria do cão pulando na sua própria cama onde ainda dormia sua mulher. Dormia! 28/03/2011.
Mané ficou surpreso de saber que não escrevia nada desde terça passada e foi acometido por uma depressão incipiente que, no entanto, foi combatida com um mega pedaço de torta de morango, na verdade uma tortinha inteira daquelas individuais. E depois disso Mané melhorou tanto que avançou na tortinha de limão da filha que, no entanto, não protestou, ao contrário, cedeu com gosto e boa vontade quase todo o chantilly que transbordava do doce. Depois disso Mané sentiu-se satisfeito e daqui a muito pouco, se passar o enjôo, vai dormir. 26/03/2011
Hoje, em pleno sábado, Mané levou uma hora para ir da sua casa até a casa da mãe, a meros 3 km de distância, por causa do trânsito dos infernos. Milú, o cão, passou calor e enlouqueceu dentro do carro, quase mordeu o cara do malabarismo do farol que veio pedir moedas e desavisado, enfiou a mão janela adentro. Mané se sentiu infeliz e desgostoso da cidade onde mora. Do país também. Mané gosta de ruas vazias, frio, casacos e capotes. Mané gosta de céu azul sem nuvens e sol brilhando, mas com frio, muito frio. Este sábado foi ao contrário. 26/03/2011
Mané já perdeu a paciência com essa campanha seguida de prolongada agonia e morte do Belas Artes. Tudo bem, Mané também gostava do espaço e assistiu a ótimos filmes ali (e alguns ruins também). Mané ficou comovido no começo e até aderiu à campanha, mas agora acho que chega né? O dono já foi ao rádio, já disse que vai montar o cinema em outro lugar, no entanto as pessoas insistem em alongar o assunto e ficam publicando fotos do desmanche e promovendo uma chorumela sem fim. Além do que, mesmo tendo uma ótima programação, o cinema ficava num lugar danado de ruim pra se chegar. Mané acha que as pessoas poderiam se mobilizar agora por outra coisa, por exemplo, ou pelo apedrejamento da Jorgina de Freitas, que roubou um monte e agora está assumindo um cargo no governo do Rio, mesmo estando presa em regime semi aberto. 22/03/2011
Ao invés de ir ao PVL Mané preferiu começar a prestar as suas contas com o Leão, mas já está amargamente arrependido. Ao finalizar o primeiro ensaio da Declaração Mané ficou chocado quando percebeu que vai ter imposto a pagar neste ano. Mané fez e refez as contas, corrigiu cada lançamento, mas ao que parece não há nenhum engano que possa amenizar essa desgraça. Lá está a mensagem maldita: “Imposto a pagar”! Mané sentiu vontade de chorar e seus olhos ficaram até marejados, mas ao ler de novo o que estava escrito... será que foram as lagrimas que lhe turvaram a visão? Estava escrito: Imposto, apagar! Será? 21/03/2011.
Mané lembra que o despertador tocou e lembra também de ter ignorado o barulho irritante. Mané lembra de ter acordado pouco depois e pouco depois lembrou que não tinha que levantar tão cedo. Então Mané virou pro lado, colocou um travesseiro entre as pernas e procurou uma posição mais confortável para a coluna. Mané deixou o parque pra lá, deixou o amigo pra lá, deixou grande parte da manhã pra lá e deixou uns compromissos pra lá. No decorrer do dia, Mané também foi deixado pra lá. 18/03/2011.
Mané não é exatamente flor que se cheire no tocante ao trânsito. Diversas vezes por dia afloram seus instintos animais ao volante, sem maiores conseqüências, no entanto. Animalidades à parte Mané costuma respeitar as regras e principalmente ciclistas e pedestres e até os defende nas suas causas, na maior parte da vezes justas. Mas os ciclistas que tanto clamam por justiça e espaço no trânsito deveriam também se tocar. Hoje de manhã na USP um bando deles atravessou um farol vermelho e acabaram atropelando um cadeirante e a pessoa que o empurrava. Por sorte só se machucaram dois ciclistas (bem feito). Sempre vejo ciclistas passando no sinal vermelho, invadindo faixa de pedestres e etc. Ninguém olha pra isso? 17/03/2011.
Mané está fazendo fisioterapia numa clínica ortopédica na Vila Nona Conceição, onde se encontra o metro² mais caro de São Paulo. No entanto o local onde se faz os exercícios mais parece uma câmara de torturas, cheio de gente lesada e torta, onde só se escutam gemidos, suspiros e lamentos. Como o problema de Mané é de pouca relevância, ele fica relegado a um segundo plano diante de ombros quebrados, bacias fraturadas, joelhos esmigalhados, pinos intra-femurais e outras desgraças. Mané está indo lá e fazendo o que lhe pedem, paciente e comportado, mas acha que as fisioterapeutas estão lhe dando pouca atenção e quer que elas saibam que o problema dele não é de somenas. 16/03/2011.
Mané visitava sua avó, 25 anos atrás, que estava nas últimas. Ela lhe entrega um saco de supermercado e diz: "toma, isso é pra você!" Mané pergunta o que tem dentro mas ela muda de assunto. Dias depois ela morre e o saco jaz esquecido num determinado local até ontem quando Mané o encontra no fundo de um gavetão e o abre com sofreguidão, o passado voltando à tona e uma curiosidade de roer as entranhas por saber o conteúdo do saco. Dentro do plástico, uma foto 3X4 dele, Mané, uma de sua irmã, uma armação de anel (sem a pedra), uma nota fiscal de uma TV Telefunken comprada em setembro de 1959, 3 sachets de pétalas de flores já sem perfume e 15 pulseirinhas de plástico. Qual era o recado, vó? 15/03/2011.
Mané recebe a Folha todo dia de manhã e também a Veja todo sábado à tarde. Mané folheia a Folha diariamente e passa apenas uma vista d´olhos nas manchetes. No caderno de economia ele nem toca. Com a Veja o processo é o mesmo: apenas títulos e às vezes os subtítulos. E legenda de fotos. E coisas escritas em negrito. Mané está preocupado pois teme ficar desinformado, por outro lado Mané não se sente desinformado. Então se mané não lê as publicações que lhe chegam ás mãos, de onde viriam então as informações de Mané? Por sorte Mané lê livros. Por inteiro. 13/03/2011.
Mané está mais impaciente do que de costume e ele credita isso à sua dor lombar intermitente que mais parece eterna. Por isso passa o dia irascível despejando seu desagrado nos que estão à sua volta, geralmente pessoas que gostam dele. É verdade que Mané não tem suportado a companhia de quase ninguém, inclusive dele mesmo. Hoje Mané ouviu de um interlocutor do gênero feminino, que certamente devia estar brincando, a seguinte frase: “você odeia seres humanos”? Mané está pensando nisso. 12/03/2011.
Mané voltou para o PVL levando consigo a sua dor lombar que durante a caminhada deve ter ido para outro lugar pois Mané nem a sentiu. Na hora de ir embora pra casa, no entanto, ela estava no carro esperando e depressa retornou ao seu posto. Mané está paciente e vai fazer fisioterapia. O médico disse que pode levar 6 semanas pra passar a dor. Malditos médicos. 10/03/2011.
Mané é contra essa coisa de dedicar um dia a uma determinada "tribo". Como hoje, por exemplo, ser o dia da mulher. Porque dia da mulher? Porque dia do índio, do negro, das mães, dos pais e outros que por acaso existam? As pessoas se transmudam e tudo vira um espetáculo de pieguice. Você passa o dia sendo bombardeado por mensagens pretensamente poéticas, filosóficas e politicamente corretas sobre o significado e a importância do homenageado do dia. Ora, tenha a santa paciência: precisa chegar o dia da mulher pras pessoas perceberem e declararem a importância delas? Ou dos índios, das crianças, das mães e etc? Outra vez hora marcada pra comemorações e palavras de ordem? E nos outros dias, como fica? 08/03/2011.
Verdade que é chato ter dor nas costas, mas parece que Mané está se acostumando a ocupar este lugar. Antes as pessoas perguntavam como vai, tudo bem e seguiam adiante. Hoje Mané se vê cercado de atenções e preocupações. Mané tenta se levantar para beber água e alguém já se propõe a buscar um copo. Toda hora lhe oferecem uma bolsinha de água quente ou um travesseirinho nas costas. A cada momento lhe perguntam se não está com fome, se quer um tira gosto ou um pedacinho de bolo. Mané está perigosamente se apegando ao dengo e o problema é que a maioria das pessoas está percebendo o abuso. Ontem, já bem melhor, Mané fez outro pedido qualquer e ouviu como resposta: “se isso não melhorar até quarta, melhor procurar outro médico”! Sonhos terminam! Que fazer? 06/03/2011.
Mané acordou cedo ainda com um pequeno incômodo nas costas. Tomou o antiinflamatório, o remédio da tireóide, o da pressão e o remédio para proteger o estômago de tanto remédio. Desse jeito, daqui a pouco Mané vai ter que tomar também um remédio contra a depressão. Mané então pegou o cachorro e foi dar uma volta pelas ruas ainda vazias. Encontrou foliões voltando pra casa num estado deplorável: fantasias rasgadas, bêbados e insones. Milú latiu pra eles, fez xixi e cocô. Depois Mané voltou pra casa. 05/03/2011.
Mané é , na verdade, uma pessoa tímida e reservada, que gosta de sentir suas emoções no momento em que elas realmente têm motivo para existir e acompanhado de pessoas que privem da sua intimidade. Mané não gosta de manifestações coletivas, com hora marcada, sejam elas de tristeza, alegria ou emoção. Mané odeia esse clima de falsa alegria foliona que toma conta do país na época do carnaval, como se o mundo fosse acabar na quarta feira, que, sim, tem muitas razões para ser chamada de “cinzas”. 04/03/2011.
Mané hoje pegou trânsito na porta da garagem na pacata rua onde mora. No 1º minuto de viagem Mané pisou a embreagem 8 vezes. Até o escritório foram 480 trocas de marcha. Mané tem certeza que a sua lombalgia tem origem nos engarrafamentos da cidade, não no seu sobrepeso, nem por causa da “vechiaia bruta”. Mané tem que comprar um carro automático, ou semi. Talvez perder peso e não achá-lo depois. E rejuvenescer. 28/02/2011.
Mané se espanta com a força do seu pensamento. Voltando do pronto-socorro onde lhe foi diagnosticada uma dolorosa lombalgia, se depara com as ruas do entorno de sua casa fechadas por blocos de carnaval. Ainda com dor e atormentado por esse ruído carnavalesco desde ontem Mané desejou que os foliões fossem atingidos por raios ou sumissem por um bueiro. Minutos depois desabou a chuva e todos os caminhos se abriram. 27/02/2011.
Mané está convencido que seu Milu é um cachorro anti-social. Todos aqueles que não o conhecem, o temem. No prédio ele é conhecido como “a ferinha”. Mané às vezes sente vergonha do escarcéu toda vez que alguém se aproxima, mas sempre defende e minimiza as traquinagens do cão, tal como fazemos com os filhos. Mané não sabe como isso aconteceu, mas recentemente Mané se deu conta que não sabe o nome do seu vizinho de andar. 26/02/2011.
O filho de Mané não foi à escola por causa de uma reunião pedagógica. Assim, Mané acordou, paramentou-se, comeu uma coisinha e preparou-se para ir ao PVL. Milu ficou observando tudo, impassível deitado no tapete. Mané abriu a porta e chamou o elevador. Depois percebeu que tinha esquecido a chave do carro. Entrou de novo, tirou o tênis, ligou a TV e deitou no sofá. Milu deitou ao seu lado e ambos tiraram uma pestana. 25/02/2011.
Mané foi um menino magro e mirrado. Sua mãe se desesperava a vê-lo fenecer e por isso Mané até apanhava e era obrigado a comer feijão branco, quiabo, ervilha, vagens, lentilhas, abobrinhas e repolho recheado, além de outras comidas estranhas a seu gosto infantil. Como resultado Mané cresceu forte, gordo e bonito e por ironia quase não tem mais onde comer aquelas delícias que hoje adora. 24/02/2011.
Mané tem tara por arroz branco que acabou de ficar pronto. E ele gosta de comer este arroz assim mesmo, direto da panela. Mané sabe que é feio, mas, ele vai pra cozinha quando não tem ninguém, pega uma colher e a mergulha assim na panela e depois come o arroz com muito prazer. E repete a operação duas, três ou mais vezes. O problema é que ás vezes Mané é pego no ato. Flagra é muito chato. Muito mais depois de velho. 22/02/2011.
Mané leu logo cedo no jornal que um raio tinha atingido uma pessoa no PVL e por isso antes de por o pé na pista perscrutou cuidadosamente o horizonte a ver se havia alguma ameaça de descarga elétrica que pudesse ameaçá-lo. O sol brilhava com força e Mané então tratou de começar a andar, pois a única coisa que o ameaçava era a sua própria preguiça. Mané completou a volta em tempo record pois estava com medo dos raios. 21/02/2011.
Mané recém tinha de se re-adaptar ao fuso horário daqui e eis que o horário de verão terminou o que acabou bagunçando seu relógio interno de novo. Mané agora não sabe se está com fome, com sono ou apenas cansado deste domingão de labuta. Mané acordou muito cedo, foi passear com o cão, foi à feira e depois ainda deu um duro danado durante a tarde. Mané acha que amanhã tem que ser domingo outra vez, quiçá sábado. 20/02/2011.
Mané tem estado com as tardes carregadas e conseguiu, por fim, marcar uma reunião para segunda cedo depois de complicadas negociações, arranjos, acertos, adiamentos e combinações, uma vez que cada participante tem importância capital. Agora em pleno sábado um dos tertuliantes achou de achar um compromisso matutino e quer mudar a coisa pra parte da tarde. Depois acusam Mané de impaciência, intolerância e má educação. 19/02/2011.
Mané está pagando seus pecados por ser uma pessoa impaciente, intolerante e mal educada. De volta das férias, numa recepção de boas vindas, das 40hs úteis da semana, Mané passou 8:30hs parado no trânsito, sem contar o fato de ter levado uma chuvarada de granizo durante boa parte das 2hs que ficou no congestionamento da sexta. Mané esta consciente de seus erros e tenta melhorar. Será que isso não serve como atenuante? 19/02/2011.
Mané apertou “snooze” 1 min antes de o despertador tocar. Levantou em 2 seg e voou para acordar o filho. Pensou que estava bem desperto e disposto e foi apressar o menino que se arrastava. Ao fazer xixi, já se imaginava a trotar pelas alamedas do PVL. Ao escovar os dentes quase corria. Ao chegar ao parque, porém, sentiu pasmaceira. Arrastou-se um pouco por ali, voltou pra casa, deitou e dormiu. Só mais um pouquinho. 17/02/2011
Pela hora do almoço apareceu uma colega com duas maçãs, uma das quais foi oferecida a Mané, que a comeu com gosto. A outra que foi deixada sobre a mesa, Mané também comeu minutos depois. Quando a moça voltou procurando pela maçã, Mané se fez de mané. Mais tarde, noutra situação, Mané comeu outras duas, mas estas lhe foram oferecidas cortadinhas, motivo pelo qual Mané as comeu sem dó. Hoje Mané não quer mais maçãs. 16/02/2011.
Mané ainda enxerga a cidade com olhos de fora depois de ter sido re-introduzido na rotina hostil do trânsito, da chuva e dos boletos bancários. Enfim, as pequenas misérias do dia a dia. As coisas parecem ainda não tocá-lo. Ele nem ao menos se importou com a fila pra estacionar no parque hoje cedo, tampouco com o céu plúmbeo e ameaçador. Pelo meio da tarde, Mané sentiu uma pontadinha de dor na cabeça, mas foi só isso. 15/02/2011
Mané está com sérios problemas de horário; acordou as 04h30min e depois teve vontade de dormir às 16h30min. Mané está "confuso" horário e nada parece funcionar direito. Mané vai retomar a sua batida e, se não estiver chovendo, o Parque Villa Lobos que o aguarde para espantar definitivamente o Jet Lag. 14/02/2011
Mané chegou em casa, visitou os pais e já recuperou Milú, o cachorro, mas está um tanto quanto fora de órbita. Mané não sabe se vai ou fica. Não sabe se fica aqui ou se fica lá. Mané tirou umas horas pra espairecer da família. E espaireceu. Faz quase 48hs que Mané está acordado. Hoje Mané vai dormir. 13/02/2011
Daqui a pouco Mané vai para a maquina de moer carne entrar num transe de 14hs para chegar em São Paulo amanhã cedo. Hoje Mané visitou primos em Bat Yam e como sempre saiu da visita meio deprimido. Mas os primos vão bem e Mané também vai ficar bem. Na semana que vem Mané vai entrar em férias para descansar das férias. 12/02/2011
Mané encontrou mendigos em Tel Aviv e Jerusalém. São poucos e também um pouco diferentes: pedem em hebraico e inglês, são mais bem vestidos e, no caso de hoje, desejam shabat shalom ao doador. Caso à parte, um cara se aproximou para limpar o parabrisa e Mané lhe ofereceu 0,90 NIS pelo serviço. Provavelmente isso desagradou o rapaz porque ele atirou as moedas de volta depois de contar. Ao cata-las Mané só encontrou 0,70. 11/02/2011
Mané se deu conta que todo mundo fuma em Israel. Por aqui a lei anti-fumo ainda não pegou, de forma que todo mundo fuma em todos os lugares. Enquanto prepara a pizza, o pizzaiolo fuma. O atendente do hotel fuma enquanto te atende e os clientes fumam no lobby e também no restaurante. O sujeito do posto de gasolina fuma enquanto enche o tanque do carro. Ninguém parece se importar. Mané pretende começar a fumar. 10/02/2011
Apesar de viver em São Paulo, Mané surpreende-se com o trânsito em Jerusalém. Os carros parecem andar a esmo pelas ruelas. Manobra-se e estaciona-se de qualquer jeito. E buzina-se. Caminhões de lixo e ônibus cumprem a sua missão no meio da rua sem se importar com os que vêm atrás. Um caos. Por outro lado, Mané persisitiu e conseguiu entrar no Monte do Templo. Hoje tem lá uma mesquita com um Domo Dourado. 09/02/2011
Mané está decepcionado pois não conseguiu visitar a Mesquita do Domo Dourado. No portão de nome Mugrabi ouviu: "only for musslyms". Mané voltou então sobre seus passos e continuou a comprar no shuk dos musslyms. Em compensação Mané horrorizou-se (novamente) com a catalogação das atrocidades alemãs no Museu do Holocausto. Uma no cravo...08/02/2011
Mané hoje deu uma no cravo e outra na ferradura. Após longa peregrinação chegou ao Muro das Lamentações onde colocou um pedido em nome de todos os seus amigos judeus do facebook, Em seguida, na continuação do tour, deu uma passadinha no Santo Sepulcro e fez o mesmo pedido em nome de seus amigos católicos. Em tempo: só pedi coisas boas para todos, inclusive para os muçulmanos caso haja algum. 07/02/2011
No Monte das Oliveiras Mané conheceu Faissal, brasileiro que mora em Jerusalém Oriental. Faissal, muito simpático, facilitou as coisas numa loja onde se compram cremes do Mar Morto. Mané nem lembrava o quanto é fácil se explicar em português. Faissal ainda indicou um restaurante ali perto. Na saída do Monte, Mané, numa manobra mal feita abalroou de leve um carro da época de Jesus Cristo, sem maiores consequencias. 06/02/2011
Mané esteve na fronteira com a Síria nesta manhã. Tava um frio de rachar mas desta vez Mané estava paramentado. Aproveitou para tentar negociar a paz com os sírios e como mostra de boa vontade chegou até a oferecer a eles a sua esposa que tem a mesma ascendência. Não teve acordo, eles não quiseram, de forma que em breve Mané volta pra casa casa com a família completa. 05/02/2011
Mané foi às compras num supermercado num local remoto do país. Grande labuta para identificar os produtos, quase uma odisséia. Com as compras no carrinho Mané se aproxima da moça do caixa e faz uma pergunta em Hebraico. A moça faz que não com a cabeça. Nem Árabe, Inglês, Francês, ou Espanhol. Mané fica bravo e manda chamar o gerente. Pouco depois aparece o Anatoli e diz, em Russo, que ali só se fala Russo. Então tá! 04/02/2011
Hoje Mané esteve no Mar Morto. Quem disse que lá é o lugar mais quente do mundo mentiu. Quase morto ficou Mané por causa do vento, do frio e da lama que te traga para não sei onde. Mas dizem que é medicinal. Mané teve dois prazeres, o de entrar na água e depois o de sair, que foi muito maior. Mané se sentiu fazendo programa de índio e ainda por cima pagou para entrar na praia. Coisas de turista. 03/02/2011
De ruína em ruína Mané vai palmilhando o país. Ontem Mané teve um dia de turismo quase ocidental. Ao invés de tumbas nabatéais ou anfiteatros romanos Mané foi a um aquário com atrações parecidas com as da Disney (menos, Mané, menos). Hoje de manhã, no entanto, não teve escapatória, escalou uma montanha imensa no meio do deserto para visitar o palácio de verão de Herodes. 02/02/2011
Mané achava que sabia falar árabe. Na Jordânia percebeu que o seu árabe é tosco e seu vocabulário na língua é pequeno e pobre. Não conseguiu trocar mais do que dez palavras com o guia que o levou para Petra e teve imensa dificuldade de entender o que lhe diziam. Por isso logo de início preferiu tomar o inglês como idioma oficial do tour. Na Jordânia, aceitam-se shekels e dólares, mas o troco você recebe em dinares. 31/01/2011.
Mané voltou para Sde Boker onde morou há 35 anos. Viu coisas e pessoas que lhe trouxeram algumas boas lembranças, outras nem tanto. Mané estranhou estar com a família num lugar que freqüentou quando esta nem existia. No frigir dos ovos, gostou da visita ao túnel do tempo. Também achou bom que ela tenha acabado. Pouco depois, Mané saiu do frio intenso do Neguev. Duas horas depois estacionou no calor de Eilat. 31/01/2011
A qualidade de vida cai desaba no shabat em Israel. Ruas ficam vazias e silenciosas como se fosse 1 de janeiro. O hotel perde empregados, a arrumação demora a ser feita. No café da manhã não se tem torradeira elétrica, maquina de café expresso, muito menos ovos mexidos. A comida quente tem cara de ontem. No entanto, neste shabat, Mané passou o dia com o Mauricio Sadan e isso compensou todos os outros contratempos. 29/01/2011
Tinham falado pra Mané que as coisas em Israel eram mais baratas e na verdade ele percebeu que os preços se equivalem principalmente no tocante à comida. Já no caso da bebida uma garrafinha de água mineral custa 3 vezes mais, mesma coisa para uma Coca Cola 600ml. A boa noticia é que não se morre de sede por causa disso na Terra Santa, porque de qualquer torneira israelense jorra água potável. 29/01/2011
Hoje abriu um dia lindo de sol e frio, que Mané adora e por isso fez uma caminhada até Jaffa, à beira mar de Tel Aviv. Anda-se por uma linda promenade, um parque horizontal, o Mediterraneo ao lado e bebedouros com agua gelada a cada 200m. E vejam só: para atravessar a movimentada avenida, basta Mané colocar o pézinho na faixa e todos os carros param na hora. TODOS. 28/01/2011
Mané tem certeza que os comerciantes israelenses tem raiva dos consumidores. Mané pediu um Falafel que custava 15 e solicitou que fosse servido no prato. A moça falou que no prato era 50. Mané perguntou porque e ela respondeu em russo, "porque sim"! Mané então optou pelo estabelecimento ao lado e ao invés de Falafel pediu Schuarma. 27/01/2011
13 horas num avião transformaram Mané em carne moída. Quando o avião passava sobre o Recife, já não havia posição que o satisfizesse. Sobre Casablanca, Mané pensou em se atirar do avião. Perto de Chipre, pensou em se transformar num homem-bomba. A primeira coisa que Mané fez em Tel Aviv foi tomar um balde de Buscopan. 27/01/2011
Mané já entregou o cachorro pra mãe, já desligou a bateria do carro, já revisou se esta levando tudo, já cancelou o jornal, já marcou o fuso horário de Israel no seu relógio, já fechou as malas e agora está tentando acordar a filha. Daqui a pouco vai tomar banho, aeroporto e bye bye Brasil. Novas notícias agora só da Terra Santa. Talvez! Shalom para todos. 25/01/2011.
Mané notou que apareceram posts estranhas e imaginou que a segurança do Fb tinha ido pro saco. Comentários esquisitos e aleatórios não escritos por Mané que se sentiu “hackeado”. Mané mudou as senhas e ficou preocupado. Hoje Mané descobriu que no computador de sua mãe ficara gravada a sua senha e ela, que achava estar no perfil dela, passou a conversar com os “novos amigos”. Já pensou? E se Mané tivesse segredos? 24/01/2011.
Mané passa um email de última hora para a locadora de veículos em Israel e faz três perguntas. Como resposta recebe um email caloroso sem o esclarecimento das questões, com quatro perguntas sobre eventuais parentescos entre Mané e a prima da esposa do cara, que por acaso também é do Egito. Até agora Mané e o locador já estão no 17º email, Mané não dirimiu suas dúvidas, mas já encontrou uma penca de parentes por lá! 23/01/2011.
Mané aproxima-se do telefone e fica olhando enquanto toca como se fosse uma coisa viva. Por trás da campainha podem estar boas ou más notícias, um vendedor de call center ou ainda um engano. Mané não atende e resolve por à prova a vontade de quem ligou. Se quiser mesmo falar vai ligar de novo. Ou vai tentar o celular. Nada acontece. Mané relaxa, estica a perna, vira pro lado, abraça o travesseiro e fecha os olhos. 22/01/2011.
Mané liga pra EL AL e pergunta: “há necessidade de confirmar o horário do vôo no dia da viagem”? A atendente informa que vôos da EL AL nunca atrasam. Mané fica surpreso com a afirmação e rebate: “mesmo se houver caos aéreo, aeroporto entupido”? Ao que a atendente diz: “ah, mas neste caso o sr. precisa ligar para a Infraero e não pra nós”. Mané agradece e saboreia uma avant premiere da proverbial delicadeza israeli. 20/01/2011
Amanhã, Milu, que está se adaptando à casa da mãe de Mané, vai para o último test drive. Da próxima vez já vai para uma hospedagem de 20 dias. Mané está preocupadíssimo. Da última vez, logo ao chegar pulou na cara do pai de Mané que dormia e tem poucas condições de se defender. Foi um rebosteio. No decorrer do dia fez xixi no sofá da sala, “apenas algumas gotinhas”, segundo a mãe de Mané. Será que isso vai dar certo? 19/01/2011.
Mané acordou pensando em laços de amor e de ódio. Mané pode amar e odiar coisas e pessoas com a mesma intensidade e sabe que existem uns que o amam e outros que o odeiam. Mané acredita que laços de amor se transformam em ódio e vice-versa. Mané acha que sentimentos transformados de uma coisa para outra são os mais fortes e duradouros. Mané teme o ódio, mas não se importa, assim é a vida. Mané também teme o amor. 18/11/2011
Neste domingo Mané compareceu à casa da sogra como de hábito. Estranhou a pouca animação do sogro que estava bastante quieto, indolente, recolhido e talvez até um pouco depressivo. Quem tem consciência pesada pelas besteiras que fala logo se sente culpado (vide post 09/01) e por isso Mané ficou também quieto e ressabiado. Que Mané saiba, o sogro nem chega perto de computador, mas será que ele andou fuçando no Fb? 17/01/2011
Hoje não tão cedo Mané apanhou o jornal e se pôs a ler as manchetes, que é o máximo que faz atualmente. A meia distância Milu o observa com aquele olhar. Mané põe o jornal de lado e imagina se o cão desconfia que vá ficar separado da família por um tempo. Mané pergunta em voz alta, mas o cão apenas mexe as orelhas e entorta a cabeça pro lado. Mané preferiria que ele não soubesse, mas tem certeza que ele sabe. 16/01/2011.
Na casa da mãe de Mane, mora também a mãe do Milu. Mane gosta de observar o relacionamento entre o filho cão e a mãe cachorra, apesar de saber que eles não se reconhecem como tal. Ele perturba a mãe que reage com rosnados ameaçadores. Ele então se recolhe, mas, por pouco tempo. Súbito, quando ele sossegou, ela se achega para lambê-lo e ele muda de lugar mal humorado sem reagir. Isso traz alguma lembrança a vocês? 15/01/2010.
Mane acordou cedo. Pensou em ligar o computador, mas desistiu. Lá fora o tempo nublado e a escassez de gente fez com que tivesse vontade de andar, e foi. Vestiu camiseta, bermuda, um croc confortável e horrível e foi dar uma volta no bairro. Além de porteiros, faxineiros e domésticas chegando ao trabalho, encontrou pessoas sonolentas e desanimadas. Na padaria Mane tomou um café. Subiu de volta e ligou o computador. 14/01/2011.
Será que Mané vai agüentar ficar 15 horas dentro de um avião sentado naquelas cadeiras feitas para pessoas nanicas e raquíticas? Está levando livros e pretende até abrir uma exceção e conversar com pessoas desconhecidas ou semi. Mané vai tentar aqueles assentos especiais, quem sabe tem a sorte de conseguir um upgrade por mais 400USD? Por enquanto ele tem um assento no corredor, mas bunda não viaja em corredor, viaja? 13/01/2011.
Mané está uma pilha. Sem o incentivo de levar o filho à escola logo cedo, abandonou as caminhadas matutinas e anda sentindo os efeitos do acumulo de energia não consumida. Mané em breve vai viajar. Andar no parque agora só em fevereiro. Toxinas e gorduras vão se acumulando e por isso Mané tem se controlado à mesa o que o deixa pior ainda. Mané adora viajar, mas gosta muito mais de voltar. Isso é um paradoxo. 12/01/2011
Mane é uma pessoas extremamente organizada e costuma ter sob seu controle todos os seus compromissos e atividades. No entanto, agora há pouco ficou chocado ao perceber que não contou nenhum desvario seu na data de ontem. Alguma coisa deve ter feito Mane tergiversar e achar que segunda era domingo. Ou algo assim. Ou, ainda, foi apenas um lapso de memória devido à idade. Talvez Mane tenha que voltar a usar agendas! 11/1/11.
No começo do ano Mané ganha agendas. Em outras épocas eram dezenas. Até há algum tempo, todo ano, Mané transferia informações, telefones e etc, um trabalho insano, da agenda velha para a nova. Mané usava agenda. Anotava, riscava e consultava. Hoje Mané as acumula num canto, menos uma que vai de presente para o sogro. Depois elas vão pra reciclagem. Mané não usa mais nenhum tipo de agenda. A propósito hoje é 11/1/11.
Mané tem certeza que vai pro inferno. Seus sogros prepararam um rango caprichado pra ele e a filha que não tinham nada pra comer em casa. Mané foi a contragosto, comeu um monte, não conversou e ainda por cima reclamou do sogro que não parava de contar as mesmas histórias de 1.352 domingos anteriores. Para esquentar o mármore de Mané, os sogros, além de tudo, gostaram da visita e forneceram uma marmita pra amanhã. 09/01/2011.
Na falta de interlocutor disponível, Mané resolveu, de comum acordo com MIlu, que este ano só vai começar depois do carnaval. Mané vai deixar de hipocrisia. Nada de fingir preocupação. No final de novembro Mané estressou e tirou folga. Aí vieram os feriados de fim de ano que foram emendados com as férias de janeiro. Depois Mané vai viajar e só volta um pouco antes do carnaval. “Plenamente justificável”, latiu Milu!
08/01/2011.
Milu faz um período de adaptação na casa da mãe de Mané. É ali que ficará hospedado quando Mané for viajar. Mané o deixa de manhã e o apanha de tarde, como já fez antes com os filhos. Mané achava difícil deixá-los na creche, assim como acha difícil deixar o cãozinho na mãe; Mané sabe que tudo na vida é uma questão de adaptação, por isso se despede do Milu e vai embora sem olhar pra trás, apesar do aperto no coração. 07/01/2011.
Mané está com preguiça de ano novo. Mané fica às vezes com tédio, noutras nervoso com a repetição de notícias ano após ano. Agora estamos na fase das enchentes e desabamentos. Na TV passam os morros caindo e os miseráveis perdendo o que não tinham. Daqui a pouco vem a volta das férias, compra de material escolar e o carnaval com o bloco do Batata na quarta feira de cinzas. Haja saco! Voltou a luz! Apaguem as velas! 06/01/2011.
‎4 da manhã. Mané que se achava imune acordou com a cabeça latejando. Uma fanfarra tocava dentro do seu cérebro com destaque para as tubas instaladas na entrada do canal auditivo. Mané arrastou-se até o armário de remédios e depois à cozinha onde tomou um balde de novalgina. Enfim sentou-se no sofá miseravelmente só sem forças para pensar. Aos poucos o barulho cessou, Milu rescostou-se ao seu lado. A paz agora reina. 05/01/2011.
Mané acorda cedo. Gosta de chegar ao Fb e fuçar os perfis dos “amigos” e ver o que se passou durante a madrugada. Mané percebeu que as mulheres são mais insones do que os homens o que significa que nós, machos, dormimos indefesos enquanto elas, fêmeas, ficam atuando na calada da noite preta. Mané acessa os perfis de todo mundo sem nenhum constrangimento e sempre encontra muitas coisas interessantes. 04/01/2011.
Mané caiu da cama às 6:30. Como a cidade continuava molhada, Mané vestiu bermuda, camiseta e uma havaiana laranja. Poucos minutos depois tocou a campainha do barbeiro que a muito custo veio abrir a porta. Pelo fato de ser cedo e ambos estarem de mau humor, não trocaram palavra durante o processo de corte e tosa. Ao final, Mané lhe desejou feliz ano. Pelo resultado saiu achando que deveria ter ido mais tarde ao salão. 03/01/2011.
A padaria ao lado do prédio de Mane não fechou nestes dias em que a cidade parou. Por todas as ruas, portas arriadas, menos aquela. Natal, Ano Novo, tudo passou em branco. Essa padoca deu um choque de realidade para os que lá trabalham, provando que novos anos são mera ilusão, que é impossível fatiar o tempo e que aquilo que nos aguarda na próxima semana é o mesmo que nos aguardava na semana passada. A não ser que...02/01/2011.
Mane acorda em pleno 1/1/11 e se depara com o filho sentado à mesa picotando diligentemente os calendários de 2010 que estavam pela casa, sendo que Mane nem sabia que havia tantos. Mane pergunta por que ele está fazendo isso e ele responde que “não servem mais” e “o que não serve mais tem que ir pro lixo”. Mane pergunta se tudo de 2010 tem que ir pro lixo e o filho responde: “nem tudo, as coisas boas pode guardar”! 01/01/2011.
Se Mané tivesse que escrever em 420 caracteres o que foi para ele o ano de 2010, escreveria que este ano começou em meados de novembro quando acabou o tal inferno astral. Nesses 45 dias, Mané viveu um período intenso, caminhou por bons caminhos, tendo feito apenas e exatamente o que gostaria de ter feito. Mané espera que todos entrem com o pé direito em 2011, exceto os canhotos. Estes que o façam com o pé esquerdo. 31/12/2010.
Mané percebe de forma cruel que em pouco tempo o caos estará de volta trazendo trânsito, multidões e estresse. Eis que Mané novamente navega placidamente pelas ruas vazias da cidade enquanto fala longamente ao telefone e não percebe o marronzinho na tocaia a observá-lo. Eis ainda que Mané leva uma multa por dirigir veículo utilizando-se de telefone celular. É o ano novo mostrando a sua carranca. Feliz 2011? 30/12/2010.
Mané singra célere pelas ruas. Nesta época a cidade fica como deveria ser sempre. Muita estrutura, pouca gente e isso deixa Mané feliz. Mané sai de casa e em doze minutos está no escritório. Mané marca almoço do outro lado da cidade e chega quinze minutos antes da hora. Mané acena pra marronzinha e ela responde. Mané não buzina logo que o sinal fica verde. Mané deixa todos passarem à sua frente. Manézinho paz e amor. 29/12/2012
Já faz algumas décadas que Mane não faz promessas de ano novo por causa de um longo histórico de não cumprimento das mesmas. Mane se esforçava, mas os fatos acabavam suplantando as intenções e então, depois de algum tempo, desistiu de prometer para evitar crises desnecessárias de consciência. Agora Mane entra no ano novo completamente virgem de promessas, fazendo ou esperando as coisas acontecerem. E elas acontecem. 28/12/2010.
Mane esta pensando em mandar a dieta às favas e comer todos aqueles doces que dispensou ontem na casa da sogra e que agora se encontram na forma de marmita na geladeira. Imaginem que pavês, sorvetes e bolos foram trocados por fatias de abacaxi, míseras ameixas e dois pares de lichias, alimento que leva meia hora para ser descascado e mais meia hora para liberar a polpa do caroço que compõe, aliás, 90% da fruta. 27/12/2010.
Mane acordou tarde outra vez e nem se importou. Não andou no parque, demorou-se outra vez na leitura do jornal e achou que teria um dia para passar na flauta. Ao invés, as coisas foram se precipitando e o que prometia ser um passeio num lago tranqüilo tornou-se uma tormenta em alto mar. Mane esta se sentindo como uma capivara desgovernada e por isso re-abriu sua fazenda e por hoje vai mandar o rehab pro inferno. 27/12/2010.
Mané acorda cedo depois de ter ido dormir tarde. Está em dúvida se vai ou fica. Resolve ficar enquanto a casa dorme. Milu o observa com ar reprovador, se não era pra sair porque levantou? Mané vai até a porta, apanha o jornal e descobre que os funcionários do citi podem trabalhar em casa. Se Mané trabalhasse em casa, nunca iria trabalhar. Mané espalha o jornal no chão e se prepara para o segundo domingo da semana. 26/12/2010.
Nesta tarde de tédio pasmacento Mané e sua família foram andar pelas ruas de uma Vila Madalena vazia. Só encontraram portas fechadas e uma tranqüilidade sepulcral. Ficou patente que sua família caminha em ritmos diferentes. Durante todo o percurso ele seguiu à frente, seguido de perto pela filha que levava o cão, mais atrás vinha seu filho e por último a mulher, quase numa fila indiana, se é que me entendem! 25/12/2010.
Nesta época, ano passado, Mané começou a jogar Farmville. Mané labutou de manhã, à tarde e à noite. Mané ajudou e foi ajudado por seus vizinhos. Mané conheceu gente nova e refez laços com conhecidos. Mané não joga mais como antes, mas não desapegou da fazenda, porque sente falta do contato diário com as pessoas, do espírito colaborativo e do afeto que foi se criando aqui. Quem dera fosse assim também na vida real. 24/12/2010
Mané nem vai se despedir do parque neste fim de ano. Mané está relapso, preguiçoso e indolente. Nesta época Mané vai ao trabalho e não trabalha, não toma nenhuma decisão e não faz promessas, porque Mané não gosta de prometer e não cumprir. Nestas duas últimas semanas do ano Mané come um monte de porcarias natalinas, fala ao celular enquanto dirige e deixa tudo pra depois. Pior, Mané não sente nenhum arrependimento. 23/12/2010.
Mané está ressabiado. Achou que já tinha passado o tempo de levar broncas da mãe, mas agora, já às portas da terceira idade, começou a levar broncas online. Sua mãe ficou contrariada com uma revelação publicada e postou um comentário em tom de reclamação e depois ainda ligou em casa para tirar satisfações. Mané está pasmo. Já não se fazem mães como antigamente. Mané está pensando sériamente em bloquear sua mãe no Fb. 22/12/2010.
Numa próxima encarnação, se Mané tiver chance de escolher, vai preferir voltar como cachorro. Neste caso Mané só espera ser adotado por uma boa família que lhe dê comida e um lugar confortável para dormir. Mané não vai ser um cão antisocial. Vai lamber as pessoas que gosta e rosnar para as que não. Mané não vai sentir falta do dom da fala porque sabe que os cães, assim como outros bichos, falam com os olhos. 21/12/2010.
Primeiro foram os dias chuvosos e o fim das aulas. Depois a canseira por causa do trabalho intenso e dos calores vespertinos. Mané tenta levantar cedo para ir ao parque todo dia, mas assim que levanta uma força contrária maior o empurra de volta para o colchão. E Mané torna a dormir o sono agitado dos que tem a consciência pesada. Mané está preocupado com o mau tempo no hemisfério norte. Mané precisa descansar muito! 20/12/2010
Mané acha melancólico, mas mesmo assim sentou agora há pouco com seu filho para assistir às videocassetadas do Faustão, Mané não vai ser hipócrita de dizer que não deu boas gargalhadas apesar desta contrariedade dominical. Mané emendou com o início do Fantástico e decidiu que em 2011, vai se mudar para o Complexo de Favelas do Alemão no Rio, o novo paraíso na Terra segundo a Globo. Agora Mané vai pro banho reparador! 19/12/2010.
Mané acordou tarde neste sábado. A exemplo do resto da semana não foi ao parque, pois desconfiava que o céu podia lhe cair sobre a cabeça. Ao levantar quase às 9hs, sentiu a pressão do cãozinho, do filho e da mulher que o aguardavam por motivos diversos. Definitivamente Mané não funciona sob pressão. No trânsito, por exemplo, se buzinam atrás, ele breca ao invés de acelerar. Mane anseia que a chuva passe e por 2011. 18/12/2010.
Mané não gosta de manifestações coletivas, quer sejam de jubilo, quer sejam trágicas. Mané fica inquieto e preocupado, como a esperar que alguma coisa grande aconteça. Reveillon, passeatas, estádios de futebol e aniversários o incomodam sobremaneira. Mané não acha que tem que estar feliz quando transpira em todos a tal felicidade. Nem triste! Mané detesta finais de ano, no entanto, gosta de começos. 17/12/2010.
Mané acha o que Facebook, apesar da sua grandeza populacional, pode ser comparado a uma cidadezinha do interior onde todas as pessoas se conhecem, às vezes não tanto assim, todos metem o bedelho na vida alheia, todos acham que sabem tudo o que está acontecendo, mas, na verdade, aqui se comprova como diria um Shakespeare moderno, que “há mais mistérios entre o teclado e o monitor do que supõe a nossa vã filosofia”. 16/12/2010
Mané nunca gostou das músicas que seus pais ouviam e vice-versa. Os ídolos de Mané nasceram e cresceram junto com ele. Já a geração da filha de Mané não teve a mesma felicidade e a falta de criatividade das últimas décadas fez com que Mané, 55, e sua filha, 22, gostem do mesmo tipo de música, admirem as mesmas bandas, o que faz com que tenham interesses comuns, coisa tão rara. Mas isso não é uma felicidade? 15/12/2010
Mané se depara com um céu plúmbeo e ameaçador. Asfalto seco, friozinho no rosto, Mané vai tentar a sorte. Saudades da imensidão solitária do parque. Tênis, short, bem, vocês já sabem. O carro desliza silencioso por ruas vazias. No estacionamento muitas vagas, Mané abre a porta e põe o pé pra fora. Sente uma gota, depois duas e mais três. Debaixo de chuva Mane volta pra casa. Pão fresco, queijo, bem, vocês já sabem. 14/12/2010.
Mané é uma pessoa disciplinada, cumpridora de seus compromissos e horários. Nunca porralocou, quase nunca deixou alguém na mão, não se lembra da sua última bebedeira. Mané às vezes se irrita com a bagunça ao seu redor o que causa atritos com pessoas da sua convivência. Por conta disso Mané é, muitas vezes, chamado de pavio curto. Agora que está ficando velho e intolerante Mané anda, na prática, sem pavio. 13/12/2010
Pela manhã Mané abre a persiana e se depara com um sol abrasador. Põe short, chinelo e camiseta. Enxágua o rosto com prazer. Com os cabelos desgrenhados sai do quarto e se propõe a comprar pão e permitir que o Milu alivie as suas necessidades. Na rua um bafo quente os paralisa. Diante do impasse o cão faz um xixizinho básico e puxa Mané de volta e, ao chegar em casa, deita de barriga nas lajotas frias da cozinha. 12/12/2010.
Mané observa seu pai que come metodicamente uma broa de milho com gotas de chocolate. Tendo todos os prazeres da vida se esvaecido, seu pai agora gosta de comer, coisa que antes fazia com contenção e parcimônia. Agora virou um glutão e fica pedindo coisas diferentes o tempo todo. Mané satisfaz quase todos os seus desejos, mas haja paciência. 11/12/2010.
Mané foi visitar um amigo que acaba de se separar. Na casa nova, pede para usar o banheiro e o amigo lhe diz para usar o do quarto, pois o outro está em obras. Enquanto se alivia Mané nota sobre a pia um suporte para escovas de dente com duas, uma azul e outra rosa. Mané sai do banheiro com ar inquiridor e o amigo lhe confirma que, “sim, está em um relacionamento sério, mas não pode falar nada pois a moça é casada!” 10/12/2010
7:25. Mané sentiu a força destruidora da natureza nesta noite quando foi acometido por uma crise renal sem precedentes. Covarde e não resistente à dor, enquanto rolava pelo chão e pedia socorro a quem quer que fosse, chegou a pensar que a pedra se movimentava no seu cérebro. Pouco depois, a dor já semi aplacada, Mané se vingou da malvada e a expulsou de dentro de si. O grãozinho de areia jaz agora num filtro Melitta. 09/12/2010
‎9:40. Mané tem consciência e por isso recolhe o cocô do Milu quando este o faz na rua. Hoje, enquanto Mané removia os detritos utilizando um saco plástico, uma senhora se achega e lhe pergunta se sabe que este plástico levará 1 milhão de anos para se decompor. Mané pensou duas vezes antes de falar e avexado, deu-lhe as costas e abandonou a bosta aos pés da reclamante. 08/12/2010
‎6:15. Mané está ao lado de sua mulher que dorme. Mané leu num livro que no sono as pessoas ficam sozinhas, sem ninguém. Cada qual com seus sonhos, a quilômetros de tudo, mesmo daquele que dorme ao seu lado. Durante o sono é cada um por si, cada um na sua. Mané, apesar de desperto, também se sente sozinho e então resolve cutucá-la. Ela abre o olho e pergunta se já está na hora. E Mané responde que sim, está na hora! 07/12/2010.
‎19:58. Quando Mané era criança espantava-se com a sabedoria dos mais velhos que pareciam ter certeza de tudo. Achava que os adultos eram pessoas de sorte por nunca ter dúvidas nem passar por aflições. No íntimo, porém, Mané duvidava que isso fosse possível. Já velho Mané tem certeza que quando criança não sabia de nada mesmo. O problema é que hoje Mané sabe muito menos do que sabia antes. 06/12/2010
‎8:49. A paz matinal de Mané é invadida pela imagem do filho enquanto este assistia ontem à TV quieto e concentrado, Mané sente ganas de saber o que ia pela alma do menino, mas sabe que os segredos desta são insondáveis. Súbito, o garoto sentindo-se observado encara Mané de frente e, pego de surpresa, Mané lhe sorri sem jeito. O filho então solta um bocejo enquanto se estica e depois lhe diz: "Pai, to com fome"! 06/12/2010
‎8:55. Ao ser perguntado sobre seu peso, Mané, sem hesitar, pronunciou em alto e bom som, os três dígitos que via na balança. Três dígitos mais uma percentagem. Mané não deprimiu porque sabe estar em uma batalha selvagem contra seus tecidos adiposos e esse pensamento o animou. Em casa, ao fazer aquela continha sobre alturaXpeso ideal, Mané chegou à conclusão que, para entrar em forma, precisa crescer 20cm. 05/12/2010.
‎8:29. Mané já disse aqui que prefere pensar a ouvir musica e mesmo quando Mané não está andando seus miolos fervilham e ele pensa. Pensa em coisas boas, coisas mais ou menos e pensa também em coisas ruins. Mané disse certa vez para uma pessoa que tinha medo de perder as coisas que gostava e esta pessoa respondeu que "perder uma coisa que se gosta é uma boa razão para achá-la novamente". 04/12/2010.
‎22:54. Mané hoje teve ímpetos de não ir ao parque. Ao chegar ao portão imaginou ver nuvens negras sobre sua cabeça e quase desistiu. Acabou vencendo a pasmaceira e o percurso foi levado a termo com penoso vagar. Pela manhã Mané se sentia só e percorreu os caminhos como se fosse um cavaleiro solitário. No período da tarde Mané se sentiu mais preenchido. Parece que é assim que a coisa está funcionando. 03/12/2010.
‎19:53. Mané está um pouco estressado. Hoje teve faxina em casa e algumas coisas não estão mais onde deveriam estar. Mané tem quase certeza que a sala está diferente, acredita mesmo que uma poltrona desapareceu. Ninguém suporta o dia da faxina, nem Milu, o cãozinho que também esta estressado. Mané acaba de jantar uma manga Haden do tamanho de um melão e agora está jiboiando em silencio. Milu também gosta de manga. 02/12/2010.
‎12:13. Mané acha que privadas entupidas nos remetem ao amago da questão e nos fazem pensar naquele dito de que "nós somos aquilo que comemos". Diante do problema nesta manhã, Mané primeiro enfureceu-se e quis saber quem tinha jogado aquilo ali naquele lugar. Depois, ao ver o resultado da sua tentativa de resolver a questão, Mané rendeu-se às evidencias e foi depressa buscar o Amadeu. 01/12/2010

sábado, 17 de setembro de 2011

11:13. Mané fez o seu percurso em menos tempo que de costume. Faz agora três meses que Mané vai ao parque 5X por semana e a balança se recusa a aceitar essa verdade assim de uma forma cabal. Mané está ansioso. Finais de ano deixam Mané ansioso, apesar de que, pessimista, Mané não acredita nessa coisa de ano novo. Faltam poucos dias agora, mas tem muita coisa acontecendo e tanta coisa pra acontecer. Ainda. 30/11/2010.
19:40. Ao contrario do domingo, Mané hoje cumpriu todos os seus compromissos com rapidez porque queria ter tempo para fazer o que quisesse outra vez. E sem querer parecer pedante Mané afirma que além da rapidez, também cumpriu suas tarefas com eficiência. De forma que, no meio deste outro dia brilhante, Mané fez, de novo, exatamente o que queria fazer. 29/11/2010.
15:00. Mané caiu da cama com pouca disposição para enfrentar seus compromissos dominicais, que eram 3. Um deles foi cumprido à risca, não tinha escapatória. Os outros foram detonados, um em seguida do outro. Algumas pessoas ficaram zangadas, outras ainda vão ficar. Em compensação, livre e solto no meio desse dia brilhante, Mané foi fazer o que queria fazer e não o que outros queriam que ele fizesse. 28/11/2010.
12:14. Quando Mané veio à luz sua mãe tinha 21. Nesses dias, 55 anos depois, ela adentrou ao mundo internautico. Para espanto de todos já nem assiste novela. Mané tem gasto horas a explicar que, "sim, aqui são dois cliques, e não, aqui um clique só". Mané tem também dificuldade de explicar a diferença entre skype e messenger, assim como o que é, afinal, "entrar na internet". Mané desconfia que arrumou uma encrenca. 27/11/2010.
8:15. Mané encontra uma farmer saindo do parque. Uma que ele nunca viu ao vivo. Mané se confunde, acha que conhece, mas não conhece. Pensa que é uma atriz. Depois se lembra do perfil no facebook. Mané então procura pelo seu mouse para abrir a pagina ou apertar o F5 para refresh. Nada de computador por perto. Mané da um tchauzinho e sai correndo. Vai tentar descobrir no computador quem é afinal aquela pessoa. 26/11/2010.
8:51.Mané procrastinou o quanto pôde até que teve que ligar para uma conhecida para tratar de um assunto de trabalho. E como tinha demorado Mané estava constrangido e para aliviar o clima tentou parecer jovial ao perguntar com voz animada: "E aí? Tudo bem? Então, sobre aquele nosso assunto, a coisa ta de pé?" A moça levou alguns segundos para responder e então disse: "Não sei, fala você, daqui não consigo enxergar!" 25/11/2010
7:15. Mané é contra, mas, já que foi abandonado pelo seu companheiro de caminhadas e cansou de pensar, resolveu escutar musica enquanto anda e por isso pretende nos próximos dias piratear um monte de musicas na internet e encher o seu novíssimo ipod shuffle com suas musicas prediletas. Mané só não suporta pagode, o resto tudo vai. Apesar de que, sei lá, não podemos ser intolerantes. 24/11/2010.
‎10:33. Mané quer se mudar para dentro do FB, pois esta convencido que ele é a realização da utopia do mundo perfeito. Aqui todos são felizes, todos são bonitos, limpinhos e bondosos. Neste lugar ninguém tem pereba, unha encravada e muito menos psoríase. Se aqui tivesse uma Bolsa de Valores, todos ganhariam dinheiro e se fosse um Cassino então, nem se fala. O problema é quando cai a conexão. 23/11/2010.
7:12. Mané encontra o amigo no parque. Às paginas tantas este lhe pergunta que compulsão era aquela de escrever todo dia no Fb e ficar se expondo assim! Mané respondeu que escrevia primeiro porque é escritor e segundo porque achava que ninguém lia aquilo, ao que o amigo retrucou: lêem sim! Mané ficou então duplamente satisfeito e foi pra casa pensando naquilo não sem antes comprar pãozinho fresco pra sua mulher. 22/11/2010.
16:02. Mané foi o neto predileto de uma mulher de alma rebelde, porém contida. Alimentava-o, dava-lhe colo e lhe contava histórias como todas as avós fazem, mas suas histórias eram turbulentas, sombrias e nunca tinham um final feliz. Mané, às vezes, não se conformava e questionava: "mas porque não foram felizes para sempre?" Ela respondia: "não se deve contar com isso filho, na maioria das vezes isso não acontece!" 21/11/2010.
10:45. Mané quando era pequeno aprontava muito e era sempre castigado. Por medo, mesmo quando não o pegavam, e só ele sabia do mal feito, assim mesmo seu temor perdurava durante o resto do dia e da noite. Mané sabia que a solução para isso era parar de fazer coisas erradas. Com o tempo, no entanto, ele parou de sentir medo. Ou quase! 21/11/2010.
22:31. Mané foi visitar o pai. Saindo de lá foi numa festa de criança. Mané tem ojeriza à festa de criança, mas, acreditem, ele se divertiu muito. Tergiversou com familiares e desconhecidos. Mandou às favas a dieta entupindo-se de salgadinhos, pizzinhas, pão de metro e refrigerantes. Depois dos parabéns arrematou com brigadeiros, beijinhos, cajuzinhos, olhos de sogra e bolos. Agora Mané vai vomitar! 20/11/2010.

19/11/2010

14:45. Mané acha que um coração sem pecado é também um coração sem perdão! Mané quer gelatina!

18/11/2010

‎18:26. Mané quando anda sozinho no parque não leva iPod nem mp3. Mané vai pensando. Hoje lembrou que uma vez, num passado remoto, perguntou a uma menina que se dizia apaixonada por ele qual a razão de toda essa paixão repentina e a moça respondeu que era porque ele tinha "apertado os botões certos". Mané acha essa foi uma das coisas mais bonitas que já ouviu na vida.

17/11/2010

20:03. Mané fez hoje por sua filha algo que seu pai não faria por ele mesmo se quisesse muito. A filha esquece em casa um trabalho a ser entregue hoje sem falta. Ela liga da faculdade desesperada e relata o desastre iminente. Mané, então, escaneia o documento e o manda por email, a filha o imprime e entrega ao professor, "just in time". Simples, porém impossível há 30 anos quando Mané estudava né?

17/11/2010

9:09. Mané chega do parque e encontra no facebook rastros daqueles que passaram parte da noite em claro. Gente que curte uma musica que deixou antes de deitar, gente que marca hora e misteriosamente não diz mais nada e gente que coloca uma resposta numa mensagem que tinha ficado sem. Mané às vezes sente vontade de ser ínsone e viver o que se passa enquanto dorme, no entanto, Mané sempre perde essa parte.

13/11/2010

‎14:15. Mané acordou de bom humor. Do lado de fora o céu vinha abaixo. Uma luzinha do carro, que não pode ficar acesa, ficou. Tinha transito e alagamento na ponte. Andar no parque nem pensar. O mecânico ficou com o carro e agora o céu está vindo abaixo novamente. Mané pensou que pra piorar tudo, só falta agora ser atropelado de novo. Não falta mais! Feliz 2011!

13/11/2010

13:30. Eis que Mané, depois de relutar muito, encontra-se no shopping Higienópolis. Para seu espanto acha uma vaga no G1. Para seu maior espanto uma mesa vazia os aguarda na praça de alimentação. Mané nem acredita na sua sorte. Mané acredita que o inferno astral está no fim.

11/11/2010

7:13. Mané Ressuscitado esta ficando velho e teme que a fina garoa se entranhe em seus ossos e lhe cause algum daqueles malefícios geriátricos, por isso desiste da sua caminhada matinal o que, de certa forma, foi uma boa decisão uma vez que Mané costuma ser atropelado às quintas feiras. Como sabem, Mané já morreu uma vez e agora só lhe restam 6 vidas.

10/11/2010

7:20. Nuvens sombrias aguardavam Mané Ressuscitado quando chegou ao parque. Gotas esparsas caíram sobre suas lentes enquanto ele se perguntava por que estava usando os óculos escuros. Caminhou depressa com medo de ser apanhado pela tormenta, o que afinal, não aconteceu. Constrangeu o vendedor de água de coco ao recusar seu copo diário. Quando chegava em casa, afinal choveu.

09/11/2010

7:24. Mané ressuscitado chega ao parque e se depara com uma fila pra entrar no estacionamento. Um guardinha faz uma comporta. Sai um entra um. Mané tem vontade de desistir, mas enquanto espera pensa que no futuro as guerras se darão por água, como já é sabido, e por espaço vital. Mané consegue entrar e inicia a caminhada com ímpetos assassinos. Pouco depois, no entanto, Mané já pensava em outras coisas.

07/11/2010

8:15. Não foi com pouco espanto que todos viram Mané se levantar contrariado com o barulho à sua volta. Assim, num átimo, Mané desvencilhou-se daquele pano e saiu pela porta deixando as pessoas boquiabertas. A caminho de casa comprou um queijo branco. Quando sentou-se pra tomar café percebeu que sua esposa tinha dispensado o soro do queijo. Mas quem é que joga fora o soro do queijo, assim, sem mais nem menos?

05/11/2010

14:00 Mané esta deitado numa peça de marmore branco e sente-se muito bem, como se caminhasse nas nuvens. Estranha muito aquele povo à sua volta e mais ainda aquela comoção quando a atropeladora adentra ao recinto, sua bolsa Louis Vuiton ao lado do morto e declara que não teve culpa: "Ele é que estava avoado, eu juro"! ÒóóóH!

04/11/10

‎8:40. Mané termina a caminhada e quer ir pra casa. Esta livre de maus pensamentos vai comprar pão e talvez um queijo minas. No entanto, Mané esta desatento e, ao atravessar a rua, é violentamente colhido por um daqueles carros grandes coreanos. Antes de morrer, Mané sussurou no ouvido de alguém: a natureza é implacável! Se o cara nasce mané, cresce mané e morre mané.

03/11/2010

‎7:29. a essa altura mané ja tinha caminhado 1km enquanto pensava sobre a síndrome do ninho vazio. mané chegou à conclusão que os filhos ao mesmo tempo que preenchem as nossas vidas, também as esvaziam. Nesse ponto mané apressou o passo e chegou, pasmem, quase a correr. Ao fim, 5km depois, mané só conseguia se perguntar para onde tinham ido os seus pulmões.

02/11/2010

8:21. Mané acorda de péssimo humor e com frio. Esqueceu de acordar cedo e perdeu o timing. Milu o observa impassível. Mané sente fome, mas, não sabe o que comer. Liga a TV, desliga a TV. Liga o micro. O micro fica ligado, impassível. Mané olha o calendário (02/11/2010), terça, dia dos mortos-vivos. Tudo se ilumina, Mané está em pleno inferno astral.

01/11/2010

‎7:15. apesar de alguns protestos, mané continua pouco se lixando para o resultado das eleiçoes. mané nao sente medo dos Proximos quaTro anos. De manha, mané levou um susto muito maior, quando na sua caminhada deparou-se com um tatu-canastra que o encarava do meio do mato. mané afastou-se cauteloso, o bicho voltou pra sua toca no mato.

31/10/2010

13:00 - 17:00. bode grande. mané não tá nem aí para o resultado das eleições. mané não vota, mané não é cidadão, mané não vai nem em reunião de condomínio. mané só quer saber se vai digerir tudo o que comeu, se vai chover amanhã e saber que diabos está acontecendo ali na casa dos escravos.

30/10/2010

6:34. MANÉ ESPIOU POR UMA NESGA DA JANELA LATERAL DO QUARTO DE DORMIR. VIU UMA IGREJA, UM MURO BRANCO E UM VÔO PÁSSARO (sic milton nascimento). VIU TAMBÉM ALGUMAS NUVENS CARREGADAS E SENTIU QUE AQUILO ERA UM SINAL. MANÉ CUIDADOSAMENTE CERROU A FRESTA DE PERSIANA, DESPIU-SE DOS PARAMENTOS E VOLTOU PRA CAMA ONDE AINDA REINAVAM O CALOR, OS SONS E OS CHEIROS DA NOITE.

29/10/2010

‎4:15. MANÉ SENTE QUE FORMIGAS INVADIRAM SUA CAMA. LEVANTA ENQUANTO A CASA AINDA DORME. MAIS TARDE CHEGA AO PARQUE E VÊ OS VIGILANTES ABRIREM O PORTÃO. MANÉ INICIA A CAMINHADA MAS ESTA EXAUSTO, PARECE QUE O TÊNIS FICOU PEQUENO. ENTÃO MANÉ CHEGA A CONCLUSÃO QUE NÃO ESTA DE TÊNIS QUE, SEM QUERER, ENFIOU O PÉ NA JACA. MAS ELE JURA QUE FOI SEM QUERER.

28/10/2010

8:22. HOJE. DEPOIS DE SUAR UM MONTE NO PARQUE, MORTO DE CANSAÇO E QUASE SEM ESPERANÇAS, MANÉ LIGA O CARRO, BOTA O CD PRA TOCAR E PENSA QUE SÓ UM GORDO ENTENDE A BELEZA QUE HÁ NUM BIFE A MILANEZA.

27/10/2010

7:11. MANÉ VE UMA AULA DE TAI-SHI SER INTERROMPIDA BRUTALMENTE PELO BARULHO DE UM APARADOR DE GRAMA. MESTRE TAI ABANDONA SUA POSIÇÃO DE LOTUS E VAI TIRAR SATISFAÇÃO. A AULA DE TAI AMEAÇA VIRAR KUNG FU. CONTRARIADO, MANÉ SENTE VONTADE DE EMPALAR OS DOIS, NO ENTANTO VAI LA E CONVENCE MESTRE TAI A MANTER UMA ATITUDE ZEN E AO ZÉ, A TOMAR CAFÉ. PAZ REINANTE, MANÉ SEGUE EM FRENTE. VAI OUVINDO SHAKIRA.

26/10/2010

‎7:12. MANÉ CHEGA AO PARQUE SE SE DEPARA COM UM GRUPO EM ROUPAS DE TRABALHO E CRACHÁ! ELAS FORMAM UM CIRCULO E GRITAM PALAVRAS COMO EQUIPE, TOLERÂNCIA E COLABORAÇÃO. AS VEZES ABRAÇAM O SUJEITO AO LADO. MANÉ SENTE VONTADE DE EMPALAR A TODOS. NO ENTANTO, MANÉ SEGUE EM FRENTE ENQUANTO NO SEU OUVIDO TOCA UM BOLERO: PERHAPS PERHAPS PERHAPS.

25/10/2010

‎7:15. PARO O CARRO EM FILA DUPLA. AVENIDA MOVIMENTADA. ELA ABAIXA O QUEBRA SOL E MEXE NA MOCHILA. AJEITA O CABELO ENQUANTO OLHA NO ESPELHO. SE OLHA NO OLHO. DE UM LADO DEPOIS OUTRO. APERTA A BOCA E PASSA A LÍNGUA NOS LÁBIOS. UMA, DUAS VEZES. O CABELO OUTRA VEZ. DESCE DO CARRO E BATE A PORTA. TAMBORILA OS DEDOS NO VIDRO. EU ABRO E RECEBO DE VOLTA SEU MAIS BELO SORRISO. ELA VAI. ANTES PORÉM DIZ: VALEU PAI!

22/10/2010

HOJE MANÉ SE SENTE NA OBRIGAÇÃO DE CONFESSAR QUE SENTIU FALTA DA PATINADORA E PROVAVELMENTE IRA SENTIR AINDA. RESOLVE ENTÃO ACOLHER A SUGESTÃO DE SEU AMIGO E COMEÇA A ESTUDAR A POSSIBILIDADE DE COMETER UM ATO RADICAL COMO UM SALTO DE PARAQUEDAS.
SÓ FALTA SABER SE HA LIMITE DE PESO.

21/10/2010

MANÉ ESTRANHA O FRIO QUE FAZ PELA MANHÃ. PELO MEIO DA CAMINHADA ENCONTRA A PATINADORA E ACENA. ELA NÃO RESPONDE. MANÉ ENTÃO SE ACERCA DELA E LHE DIZ OI! ELA PERGUNTA: EU O CONHEÇO? CONSTERNADO, MANÉ TAMBÉM NÃO A RECONHECE. E PEDE DESCULPAS: ENGANEI-ME! A GAROTA SE VAI PATINANDO SEM GRAÇA. MANÉ NUNCA MAIS VAI VER A PATIANDORA. 21/10/10

20/10/2010

Mané amanheceu no parque de óculos escuros. Muito sol, um monte de luz, carros pra todo lado. Mané alongou os posteriores traseiros quando passa por ele a patinadora. Ela acena e Mané se desequilibra no alongamento das costas. Depois, Mané se surpreende: atrás da patinadora, vinha o patinador...

19/10/2010

Trilogia E.C.A consumindo as energias. Na caminhada de hoje, enquanto lutava contra o vento de proa, Mané teve plena certeza de que infernae est alius.

18/10/2010

Dia de chuva, nada de parque. Mané esta com um olho na TV e outro no micro. Seus devaneios matutinos lhe dizem que uns se sentem apaixonados, outros se sentem abandonados e outros ainda não sabem o que sentem. Mané esta com um olho na TV e outro no micro. E o cão esta com os dois olhos nele.

16/10/2010

‎6:45, parque vazio. Levei o Milú. Sem coleira, corre pra todo lado, faz 18 xixis. Ao longe...a patinadora. O cão corre em sua direção. Ela passa voando baixo: Manéee! Milú vai atrás, feliz! Ela revoluteia. Ele atrás. Ela dá tchauzinho. Eu sorrio! Vou dar minhas 4 voltas. Milu deita, exausto. Eu tento puxa-lo, ele não quer mais andar. No banco eu o observo ofegante. Não temos fôlego para acompanhar a patinadora.

15/10/2010

8:52. SE PENSAM QUE TODO DIA ACONTECE ALGUMA COISA NOVA NO PARQUE VILLA LOBOS, ESTÃO MUITO ENGANADOS. NÃO CHOVIA QUANDO CHEGUEI. GAROAVA QUANDO SAÍ. E FOI SÓ!

14/10/2010

‎6:30. a esposa aparece paramentada.
- on´ce vai?, pergunto.
- andar no parque com voce, preciso diminuir a barriga.
- que barriga? ce ta ótima!
- vamos, então?, ela diz!
7:15. no parque: supermercado, filhos, horarios e...a patinadora.
- Aquela moça esta acenando pra voce?
- Hein?
A patinadora passa em velocidade e diz: Bom dia, manééééééé!
- claro que não, ela deve ter me confundido, eu lá sou mané?

13/10/2010

7:00 no Parque. Ando pra cima e pra baixo esperando pelo amigo quando se aproxima ela, a patinadora. Bom dia! O SENHOR vem todo dia, né? Pois é! Ah, é bom, né, queimar umas gordurinhas...Que fofa, pensei! Eu não tenho paciência de andar, só se for de patins, ela diz! Bom, vou indo então, sr..."Manoel", eu digo, mas pode me chamar de Mané! Tchau mané, até amanhã!

12/10/2010

‎6:15 no Villa Lobos. Ao iniciar a caminhada, uma surpresa...lá esta a patinadora ajeitando seus patins. Passo rente a ela e ela me diz: Bom dia! Eu respondo rápido enquanto penso que a vida é bela. Sigo em frente e pouco depois ela passa por mim: parece que estamos só nós dois aqui, hoje! Eu digo: pois é! Ela: vou indo, preciso dar 4 voltas. Eu: animada, hein? Ela: ´magina, o SENHOR também...então tá!

11/10/2010

‎6:15 no Villa Lobos. Além de mim, só eu e a minha pessoa na vastidão fria. Agora, já em casa, ainda reinam os ruídos e os odores das pessoas adormecidas. A me mirar, apenas um cãozinho com olhar inquiridor.

09/10/2010

Hoje no Villa Lobos não tinha patinadora, nem amigo barrigudo. Nem eu!

08/10/2010

Decadência: hoje, ao invés da deslumbrante patinadora, fez-me companhia no parque, um amigo barrigudo.

07/10/2010

Hoje de manhã no parque Villa Lobos passou por mim, patinando, uma mulher tão linda, mas tão linda que agora eu acredito mesmo que O MALVM SVMMVM ET ACVTISSIMVM TELVM DIAEBOLI MVLIER

06/10/2010

Hoje de manhã no Villa Lobos, demorei em achar vaga pro carro. Quero o FRIO de volta!