sábado, 28 de janeiro de 2017
Mané nem acredita na sua sorte ao se deparar com uma vaga a 10 metros da avenida Paulista onde rapidamente manobra e estaciona seu veículo. Enquanto Mané se assegura de não estar parando em local proibido, um sujeito se aproxima e “pode dar uma olhadinha na lemosine, dr?” Mané acena que sim com a cabeça e se afasta depressa, o contato com os guardadores de carros é sempre tenso. Mané vai ao seu compromisso e uma hora e meia depois volta pra pegar o carro e vê o sujeito sentado com a família na calçada perto da “lemosine”. O sujeito acena pra Mané e este faz um outro movimento quase imperceptível com a cabeça enquanto entra no carro e se tranca lá dentro, o contato com os guardadores é sempre tenso. Enquanto Mané coloca a chave no contato o sujeito se aproxima da janela e, “pode deixar uma ajuda pra alimentar meus filhos, dr? “Mané liga o carro, enfia a mão no bolso e de lá retira uma nota azul de 2 reais e entrega ao sujeito por uma frestinha da janela e com o carro já engatado começa a manobrar para deixar a vaga mas o sujeito não se afasta do carro e Mané cogita atropelá-lo ao mesmo tempo que vê que o cara acena pra Mané enquanto balança a nota azul que tem na mão. Esta escurecendo, Mané esta louco de vontade de se picar dali mas o cara insiste e Mané resolve abrir a janela e com a janela aberta escuta o sujeito, “o dr. esta sendo muito generoso mas eu acho que se enganou!” Pronto, pensa Mané, o bandidinho vai reclamar da gorjeta baixa e quando Mané já se prepara para sacar outra nota de 2 reais o cara enfia a mão pela janela e na mão do cara tem uma reluzente nota azul de 100 reais. Mané fica por alguns instantes parado sem saber direito o que pensar, depois pega a nota de 100 da mão do sujeito, enfia a mão no bolso, pega todas as notas azuis (de 2 reais) que tinha, Mané acha que são três, adiciona uma de 10, entrega para o sujeito que agradece e, “o dr. fique esperto, nem todos são tão generosos como eu.” Não, Mané não esta mais esperançoso com o destino da humanidade depois deste gesto do honestíssimo sem-nada. Guiando de volta pra casa Mané pensa que, por sorte, tinha economizado 100 reais. Mané gostaria que não houvesse guardadores nas ruas, o contato com eles é sempre muito tenso. 19/09/2015
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