quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Dia de sol, temperatura amena, Mané percorre uma rua da Vila Mariana em declive, imerso em seus pensamentos. 30 metros adiante ele vê uma moça andando em sua direção. Vão se cruzar em poucos segundos e Mané acha que a moça esta sorrindo, mas é claro que não é pra ele. Alguma coisa de bom aconteceu e a moça, também imersa em seus pensamentos, sorri. Mané anda carrancudo mesmo que os pensamentos sejam agradáveis como por acaso naquele momento. Agora eles estão a três passos um do outro e o sorriso da moça parece se abrir ainda mais quando Mané tem uma epifania. Mané reconhece a moça, agora uma jovem senhora, de um passado remoto e tudo lhe vêm à tona. Mané lembra ter tido um caso com ela, Mané lembra que, além de bonita, ela tinha uma risada peculiar, ria assim como se fosse perder o ar e ela ria muito. Mané lembra que o “affaire” não deu certo, lembra que a coisa ficou mal parada, lembra que da última vez que a viu eles estavam sem roupa, mas não se lembra do nome dela. Beijo, como vai, o que tem feito, mora por aqui, vamos ali tomar um café. A conversa até que foi animada, Mané finalmente lembrou seu nome (mas não tem certeza se ela lembrou do dele) e Mané também lembrou do desastre. Foi num momento que ela riu, daquele jeito que parecia que ia perder o ar, que Mané lembrou daquela noite, ambos pelados, as cartas já na mesa, minha intenção é a mesma que a sua, então vamos deixar de perder tempo e Mané avança pra cima da então menina, beija, cheira, põe a mão naquilo, ela põe aquilo na mão e Mané resolve falar uma coisa no ouvido dela, uma coisa espirituosa, se é que me entendem e a garota cai na gargalhada, quase se dobrando daquele jeito que vai perder a respiração e Mané, encima dela, espera o efeito passar e a moça vai ficando sem ar e Mané sai de cima dela já meio puto, já nem olhando pra ela e ela continua arfando e Mané finalmente percebe que ela esta de fato perdendo o ar, seus lábios já estão roxos, a risada já se transformou num arquejo desesperado em busca de oxigênio e Mané a faz sentar e a ampara apavorado enquanto procura algo para abana-la. Mais tarde, já vestidos, Mané a deixou em sua casa que era bem longe e agora, no momento presente, Mané toma cuidado de não contar nenhuma piada enquanto se despedem. Não tocaram no assunto do passado, aliás, Mané nem sabe do que falaram durante o café. Mané sabe que nunca mais vai vê-la.26/07/2017

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