quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Mané está no metrô que chega à estação. Ele está à porta e escuta o sinalzinho que indica a iminente abertura das mesmas. Mané aguarda enquanto vê, do lado de fora, as pessoas se aglomerando no espaço onde ele tem que sair. Dentro do trem, as pessoas também estão aglomeradas e Mané sente nas costas os peitos de uma mulher que o encocha, inadvertidamente, é claro. Mané pensa que se algum lado não ceder, ninguém entra e ninguém sai naquela estação. As portas se abrem. Do lado direito de Mané, um vagalhão de gente se precipita para fora, uma boiada tentando sobreviver num rio cheio de jacarés. Na frente de Mané, todos acabam ficando prensados. Mané está imóvel, tem mulheres e homens à frente de Mané que olham pra baixo num impasse bovino, ninguém entra, ninguém sai. Tentam empurrar Mané pra dentro, Mané é grande e não se mexe. Súbito, a campainha soa alertando sobre o fechamento das portas. Prensado na multidão, Mané da um passo para o lado e é ejetado para fora do trem. As portas se fecham às suas costas, os que tentavam entrar, não entram, Mané se escafede rapidinho sentindo os olhares de ódio às suas costas. Mané não se importa, Mané é inflexível, primeiro as pessoas saem do trem, depois as outras entram. Se não for assim, alguns vão ficar prejudicados. Desta vez Mané venceu.15/08/2017

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