quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
Mané esta sentado no metrô e não se decide entre comer a pêra que tem na mochila ou abrir o livro que não está lá muito empolgante. O trem esta vazio, o ar condicionado polar e Mané resolve apenas observar. De óculos escuro ele olha para todo lado, mas ninguém sabe direito para onde ele olha. Bem na sua frente viaja uma mulher que parece também indecisa. Ela já fuçou a bolsa, já leu um folheto e já ficou observando através de seus óculos também escuros. Nesse momento ela abre um potinho de creme. A cor do pote Mané não consegue precisar, afinal por trás dos óculos tudo parece marrom. Ela abre o pote e passa dois dedos no creme e começa a passar a substancia e esfregar um dos braços. Mané se pergunta se aquilo seria um hidratante. Ela termina aquele braço e começa a fazer o mesmo com o outro, nas mãos e também no rosto. Mané já viu gente comendo no metrô, já viu moças dando de mamar, já viu gente lendo e mexendo no celular, a atividade campeã neste meio de transporte. Mané já viu gente passando fio dental, discretamente, já viu gente limpando o nariz e chorando. Já viu namorados dando amassos, já viu gente brigando. Garotas passando hidratante Mané nunca tinha visto. Mané, que já estava constrangido de encarar a moça, desvia o olhar, mas um movimento lhe chama a atenção e ele se vira de novo para ela para flagrá-la untando novamente os dedos e, enquanto levantava discretamente o vestido, começar a passar o tal creme nas coxas. Passou o creme naquele região que vai ate um palmo acima dos joelhos, esfregou de um lado e de outro. Depois, dando uma olhada para os lados, levantou um palmo mais e passou creme nas coxas ate quase a altura da virilha. Mesmerizado, Mané não consegue desviar o olhar e ela repete a operação na outra perna e depois, como quem se prepara para dar um salto no abismo, ela abre ligeiramente as pernas e, com os dedos lambuzados, começa a passar o creme entre as pernas, naquele pedaço interno mais macio. Mané, que não compreende direito o que vê, julga que ela tem umas pernas bem bonitas, efeito do creme talvez mas a calcinha com certeza era escura. Mané tem um sobressalto quando percebe que a moça esta olhando pra ele com um meio sorriso, enquanto ainda esfrega a pele macia. Mané não sabe se deve sorrir também, como se aquilo não significasse nada, mas para seu alívio neste momento o trem chegou ao Terminal Vila Madalena e Mané, que nunca se levanta antes da parada do comboio, levantou-se de pronto e afastou-se da cena, sentindo certa vergonha alheia. Mané ainda olhou com o rabo do olho a ver para que lado a moça iria mas ela não estava mais à vista então ele se dirigiu à escada rolante e de lá para as ladeiras que o levam pra casa. 01/02/2018
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário