quinta-feira, 15 de março de 2018
Quando tudo mais parecia ruir, Mané sempre tinha a chance de escolher um novo livro na pilha e, como num passe de mágica, as mazelas eram varridas, às vezes pra debaixo do tapete, sumiam da sua frente enquanto durasse o livro e depois sempre tinha mais um à disposição. Nesses dias Mané tomou conhecimento de um fato sobre pessoas que já foram muito próximas, fato esse inserido no contexto atual, só que não. Juiz Moro trataria direito dessa estupefação mas, de qualquer jeito, não era isso que Mané quer falar. Mané quer falar que, diante das diatribes pelas quais passa o país, diante do envelhecimento próprio, de familiares e amigos, diante de tudo de ruim que anda acontecendo, um livro sempre foi a panaceia para todos os males. Ontem, Mané terminou mais um livro que aliás não gostou, dirigiu-se à pilha e depois de meia hora procurando algo que lhe interessasse, nada encontrou. Voltou pra sala alarmado e Salma, vendo o estado em que ele se encontrava, pousou a mão na sua testa a ver se tinha febre, quis medir a pressão e como tiro de misericórdia, perguntou se Mané queria um chazinho e sugeriu que fosse deitar mais cedo. Mané se rebelou, voltou pra pilha de livros mas diz Salma que o encontrou mais tarde adormecido com os livros espalhadas pela cama que nem tinha sido desfeita e ainda reclamou que Mané estava babando num livro novinho.15/03/2018
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