quinta-feira, 26 de setembro de 2019
Quando estava prestes a se casar, em dezembro de 84, Mané era um feliz proprietário de uma poderosa CB400, o sonho de consumo de qualquer motociclista. A fim de comprar uma linha telefônica para o lar que montava com Salma, ele se viu obrigado a vender o bólido, coisa que fez com gosto e sem nenhuma hesitação. A moto foi vendida por 5 milhões e 500 mil cruzeiros e a linha telefônica foi comprada por 4 milhões e 800 mil da mesma moeda. Os 700 mil restantes Mané não sabe dizer no que foram utilizados. Instalaram a linha na sala e puseram uma extensão no quarto, pagando uma taxa extra por isso. Salma gostava de chegar em casa à tardinha, tomava seu banho e depois, enrolada numa toalha, deitava na cama e ficava falando ao telefone até a hora em que Mané chegava do banco e a encontrava tagarelando seminua na cama, uma visão inspiradora. Mané se livrava do paletó e da gravata e também ia tomar seu banho e voltava para interromper as conversas de Salma do melhor jeito possível, mas vocês não têm nada a ver com isso. O tempo passou e hoje a casa de Mané tem 5 linhas telefônicas, uma delas esquecida, exatamente aquela que a moto comprou. Quando essa linha toca todos se assustam, só Anuar o atende porque é o único que sabe onde fica o aparelho. Quase sempre é alguém querendo vender alguma coisa ou então quem chama é Muna, sogra de Mané, que até hoje não se acostumou ao celular. No outro dia o telefone milionário tocou e Mané, que por acaso estava do lado, atendeu. Era do consórcio nacional Honda e queriam lhe vender um plano para aquisição de uma moto, Mané tinha sido especialmente selecionado pelo cadastro deles, disse o atendente. Mané respondeu que já tinha uma moto, o cara animou-se e perguntou que moto era. Estamos falando por ela, respondeu Mané. Depois de um curto silêncio o interlocutor falou: “senhor”? Mané repetiu: “eu já tenho moto e estamos falando através dela nesse momento, não quero consórcio para uma moto nova”! Tututututututu....18/05/2019
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