domingo, 28 de junho de 2020

Mané boceja diante de mais uma cena de violência de uma série israelense. Salma pergunta se esta assistindo Fauda de novo, ele diz, não é outra. Mas e essa gente ajoelhada, vendada e com hematomas não são os mesmos de Fauda? Não, alguns eram de Shtisel e outros de Jornada de Heróis. Nesse momento uma amordaçada leva um chute na barriga e Mané resolve escolher um livro pra ler. Ele olha desolado para sua pilha de livros, que preteriu em algum momento, quando se podia sair de casa e entrar numa livraria e ficar olhando para as prateleiras lotadas e dizer ao vendedor que não precisa de ajuda, me deixa em paz, por favor, quero ficar olhando para essas capas e sentindo o cheiro de tinta e papel. Na pilha de Mané livros de mistério, meninas sumidas na floresta e detetives que passam o tempo todo da trama pondo minhocas na nossa cabeça para depois oferecer a solução na penúltima página. Mané está sem paciência, não consegue mais se concentrar e está lendo pouco. Acorda as seis da manha e se põe a cumprir algumas tarefas, passa emails para funcionários e colegas de trabalho e fica bravo porque já são sete horas e ninguém respondeu nada. Às 7:30, fala bom dia no whatsapp. Às 8 alguns respondem bom dia. Tudo isso Mané pensou diante dos livros e não se resolvendo por nenhuum deles, coloca todos de volta no lugar e volta pra sala onde Salma esta vidrada numa cena em que a valente mulher solta as amarras dos tornozelos e dá um chute no saco do seqüestrador. Ele se contorce no chão, a moça levanta e da uma bica no olho dele, ele urra de dor, sangra e agora esta tateando para encontrar o revolver, mas a essa hora a moça já saiu porta afora e...pá, um baque, tudo fica preto e sobem os créditos, Mané boceja, Samira quer saber se podem pedir japonês pra jantar, Anuar diz que sushi nem morto, Salma continua vidrada na TV e Mané diz que vai preparar uma comidinha, ervilhas com cenoura, carne moída e arroz. 02/06/2020

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