quinta-feira, 23 de julho de 2020

Suponha que você mora num país onde faz parte de uma minoria. Há dois anos aconteceu um fato que dá início a uma rusga,que sempre esteve latente, entre o poder local e os membros da sua etnia. Ódios antigos vêm à tona e você começa a desconfiar que vai ter que abandonar o país ou ser expulso. Alguns membros da sua etnia já se adiantam e picam a mula. Então você resolve se casar e casa. Você faria isso? Passam-se mais dois anos e a insegurança está cada vez maior, sua vida segue dentro deste novo normal (ha ha) e eis que o casal engravida e lhe nasce uma filha. A essa altura, membros da sua etnia foram presos, expulsos ou saíram enquanto é tempo. Mais três anos se vão, o casal engravida de novo e lhes nasce outro filho, um menino. A essa altura, o pai que já desconfiava, tem um pequeno prazo para sair do emprego. Empresas estão proibidas de contratar membros da sua etnia. Mais um ano e a família está empacotando suas coisas, vendendo o que deu pra vender e avaliando as (poucas) possibilidades de locais de refúgio. Nas fotos abaixo, depois da fundação do estado de Israel em 1948: casamento de meus pais em Alexandria-Egito em 1950, minha irmã nascida em 1952, eu em 1955, o início do exílio na Itália em 1957 e a família no Jardim da Luz em 1958. Isso é o que se pode chamar de resiliência. Seres humanos se adaptam a tudo. 19/07/2020

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