quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Da família do pai Mané pouco sabe. A avó paterna morreu quando o pai tinha seis meses, ele foi criado por tios. Tem dois meio irmãos, um Mané conheceu o outro não. Mantém um contato distante com esses primos. Como se fossem meio primos. Da parte da mãe, não. Até uma certa época foram criados todos juntos e misturados, claro que tinha aquele tio mais distante, aquele mais maluco e aquele que era a ovelha negra da família. Mas eram tios, pessoas com as quais se podia contar e os primos, eram amigos estratificados por idade, as primas mais velhas eram como irmãs, os primos objeto de temor e admiração e o da mesma idade cresceu junto com Mané, se entendem até hoje. Essa família quebrava o pau com a mesma facilidade com que fazia as pazes. Mané passava férias com a irmã da sua mãe e jogava bola com o marido dela, já que o pai não era afeito a esportes. Quando uma prima aprontava algum membro da família não perdia a chance de dizer que “elle a le mauvais caractère de sa tante...” e nesse espaço aparecia o nome da mãe de Mané e este, que causou muitas atribulações quando pequeno, cansou de ouvir: “tu as le mauvais caractère de ton oncle...” espaço para o nome de quem se quisesse falar mal. Os anos passaram, cada família se replicou em outras tantas, alguns netos de primos Mané nem conhece mas e daí? Ainda temos intimidade pra brigar e ficar em paz, nós sabemos com quem estamos falando. Tem um fio invisível e forte que nos une, mesmo que tenham ali os malucos, os que tem uma tendência ideológica inadmissível, não importa, ainda podemos também falar mal uns dos outros. 07/09/2020

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