quarta-feira, 23 de setembro de 2020
Na Fradique Coutinho, entre a banca do bicho e a sorveteria, tem esse sebo que é administrado por uma pessoa que Mané nunca viu, apesar de conversar com ele quase todo dia. Ele é japonês, como contou o vendedor da ótica em frente e tem, segundo ele próprio, 35 mil livros na loja. O cara fica sentado atrás dessa pilha à esquerda e de lá ele responde se tem ou não determinado livro. Se tem, ele informa a localização se for possível pegar, senão ele pede pra voltar amanhã que ele vai liberar o volume. No outro dia Mané recitou pra ele o nome de 10 livros que ele não tinha e Mané, sempre sem vê-lo, perguntou se ele sabia de cor ou se consultava um arquivo, ele respondeu “de cor”. Ainda sem vê-lo por trás da parede de livros, Mané duvidou que ele guardasse o nome de 35 mil livros e ele disse pra Mané não duvidar, só os mais antigos davam-lhe certo trabalho pra lembrar. Posso fazer um teste, perguntou Mané e, ele assentindo, Mané olhou pra um livro enfiado bem embaixo e deu o nome. Ainda sem aparecer ele disse: “terceira fileira à sua direita, na parte de baixo, tem que agachar pra pegar, vai levar”? Quanto custa, Mané perguntou. Quanto vc quiser pagar, ele respondeu. Mané pagou 10 reais por um livro que não vai ler e nunca mais vai desafiar o japonês invisível. 01/09/2020
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