sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Fauze é amigo de Mané há quase 50 anos. Juntos já viveram bons e maus bocados, aventuras, bodes, muita diversão e o contrário também. Juntos aprenderam a dirigir, roubavam o carro dos pais, entraram na faculdade, leram livros, fumaram maconha, passearam no deserto e andaram de bicicleta. Juntos também arranjaram namoradas, juntos levaram pés na bunda e às vezes, também se apaixonavam um pela namorada do outro. Certa feita foram à praia em grupo, Mané com uma namorada assim assim e Fauze avulso. De noite na cama, Mané se estranhou com a namorada, cada um virou pra um lado e dormiu. Madrugada alta Mané acorda, da pela falta da garota, levanta e vai até a sala onde encontra Fauze e a menina deitados no sofá, completamente embolados, ele de cueca e ela de calcinha, camisola atirada ao lado. Mané observa a cena que por alguma razão o excita e nesse momento Fauze abre o olho. Mané o fuzila com o olhar e diz: “vai dizer que não é nada disso que estou pensando”? Fauze sustenta o olhar e responde: “não, não vou dizer, ao invés disso te digo que é exatamente o que você está pensando, sim”! Mané estacou diante do inusitado e os dois caíram numa sonora gargalhada. Quem não entendeu nada foi a garota que, aliviada, riu também. Nessa pandemia, Fauze e Mané agiram de forma diversa. Fauze, que é médico, teve uma atitude mais relaxada e, por vezes, criticava o extremismo cuidadoso de Mané. Sexta passada, Fauze e Bolissa, sua mulher, convidaram Salma e Mané pra jantar. Mané recusou-se taxativo, na sua casa não vou! Fauze o chamou de bundão, cagão, bunda mole, mariquinhas, mas Mané se manteve estático. Na segunda Fauze liga cabisbaixo pra Mané, passamos mal no fim de semana, dor no corpo, sem paladar, canseira, fizemos exame, “estamos todos com covid”. Mané está monitorando a família por telefone, todos passam bem e em quarentena por mais dez dias. Antes de desligar Fauze falou: “valeu pela preocupação, bundão”! E caíram na gargalhada. 10/11/2020

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