terça-feira, 30 de março de 2021
Mané entrou na loja pra comprar um travesseiro e a vendedora perguntou, tudo bem com o senhor? E Mané respondeu, não está e com você? Ela disse, também não. E foram ao balcão para concluir o negócio, Mané pediu um desconto e a moça deu. Os dias estão assim, certa tensão no ar, Mané trabalha um pouco, faz uma festinha no Milu e depois sente vontade de deitar e deita, pega o travesseiro da Salma e põe sobre os olhos mas a cabeça não descansa. Ele tenta ignorar os barulhos que o WhatsApp faz, ignora uma ligação depois de checar quem era e lá fora começa a chover. Ele sabe que tem que levantar e ver se os vidros estão fechados, não tem ninguém em casa mas, o seu pensamento está embotado, uma dormência o acomete e a única coisa que consegue sentir são cócegas nas plantas dos pés, provocadas pelo vento que entra pela janela lateral do quarto de dormir. Mané consegue ouvir que Salma entra esbaforida praguejando pelos vidros abertos, pela molhadeira na sala e por Mané a estar ignorando mas nessa hora Mané não está aqui, só seu corpo estirado na cama, longe do espírito que sonha com uma brisa que lambe seus pés, um lugar onde não se usa máscara nem álcool e onde estar vivo ou morto não faz diferença. No fim do seu sonho Salma lhe diz: “não está ouvindo a porra do seu telefone? Levanta daí que a área de serviço alagou, me ajuda a secar, justo hoje que teve faxina, inferno! E Mané, recém desperto pergunta: tem jeito de passar um café?25/02/2021
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