sábado, 25 de setembro de 2021
A mesa onde Mané toma café com a família fica dentro da cozinha, uma espécie de copa localizada próximo à pia onde se lava a louça. Mané não sabe como é a mesa de você, mas a dele costuma ficar bem cheia. Além da torradeira e dos pratos, copos e talheres, há um liuqidificador, uma cesta onde ficam os pães, o adoçante, condimentos e um saco de batata palha que deve estar lá desde o último strogonoff. Na hora do café Salma coloca também diversos tuperwares que contem alguns tipos de queijo, frios, geleia de frutas, o pote com melão, além de dois tipos de leite, um semidesnatado e outro sem lactose, a garrafa térmica de café, uma margarina para Anuar, um vigor mix para Mané e uma manteiga para ela própria, tudo sem sal. O resultado disso é que a mesa fica meio cheia e, muitas vezes, Mané não tem sequer espaço para picar a cenoura que ele junta à ração do Milu para o desjejum o que causa, não poucas vezes, certa irritação pelo acúmulo de coisas e pela falta de espaço vital para se movimentar. Mané, que é uma pessoa obsessiva, fica prestando atenção e, quando alguma coisa já foi usada, ele levanta e coloca o objeto em outro lugar, para poderem tomar café em paz. Todos já se serviram de leite? As garrafas vão para cima da pia. Idem com a garrafa de café, o adoçante, o pote de onde está o melão, enfim, Mané deve levantar umas cinco ou seis vezes por desjejum para liberar espaço. Mané já teve ímpetos de jogar fora o saco de batatas pelha velhas, de coclocar o liquidificador no armário e, fora isso, Mané da um tratamento especial para os tuperwares que por acaso se esvaziem durante o repasto. O potinho de ricota esvaziou? Mané, ao invés de levantar e coloca-lo no mármore da pia, recolhe o artefato de plástico e o atira para trás sem olhar com tal maestria que o mesmo cai diretamente dentro da pia onde será lavado em seguida. Essa atividade, que causa certo estrondo, é desaprovada pelo resto da família, mas ninguém fala nada porque, além de Mané já ter se levantado muitas vezes, isso de fato vai liberando espaço para as pessoas se espraiarem pela mesa oque, convenhamos, é bom. Mané calcula que deva atirar algo entre dois ou três tuperwares por refeição, raramente erra o alvo, mas, quando erra, Milu fica feliz da vida e já faz com a língua, aquela primeira limpeza grossa antes da lavagem. Mané, que não anda muito bem da cabeça por conta de algumas questões paralelas tomava hoje seu desjejum. O tuperware de queijo prato esvaziou e Mané prontamente o atirou para trás, tendo o aparato aterrisado cirurgicamente onde deveria aterrisar. O mesmo Mané fez com o de peito de peru, no entanto, meio segundo após o arremesso, o tuperware que devia ser de palstico, explodiu em mil caquinhos de vidro que inundaram a mesa do café, a cozinha inteira, a área de serviço e o hallzinho que leva á sala. Depois de se recuperar do susto Salma começou a dar um esporro em Mané, tá maluco? E logo pegou Milu para tira-lo do vidro quebrado e ordenou que Mané fizesse a limpeza. Mané cumpriu a tarefa, não com pouca dificuldade, tinha caco de vidro até dentro do pijama de Mané. Quando Mané foi pra sala, Salma ainda estava puta da vida e ameaçou continuar, obrigado por estragar o café da manhã, etc, etc, mas Mané, antecipando-se à cantilena falou duramente: desde quando se coloca peito de peru em tuperware de vidro? Salma saiu da sala pisando duro, Mané ouviu algo como: claro, a culpa é sempre dos outros, mas a coisa parou por aí. De agora em diante Mané vai ter que prestar atenção ao material dos tuperwares a serem atirados, inferno! 19/8/21
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