sábado, 25 de setembro de 2021

Mané foi uma criança tímida e reclusa que passava as tardes no meio de um monte de mulheres, primas, tias, auxiliares, irmã, mãe e avó. Gostava de ver as meninas limparem a casa, passarem roupa e cozinhar, entre outras atividades exclusivamente femininas à época. Conforme foi crescendo começou a causar preocupação a sua inapetência para atividades masculinas, dando preferência para outras mais caseiras. O pai lhe deu uma bicicleta e um carrinho de rolimã que ele usava mas era só pra não decepcionar as pessoas. Futebol na rua era uma atividade da qual ele passava longe, além de ser grosso, achava aquilo tudo muito violento. Um dia, quando tinha 10 anos, sua preocupada mãe resolveu tomar uma atitude depois que uma prima mais velha ,que hoje é defensora dos direitos dos LGBTQIA+, o tinha chamado de mariquinhas. Num sábado à tarde ela o colocou no carro e o levou até a Congregação Israelita Paulista onde funcionava um grupo escoteiro. Parou no meio fio e arrastou-o sob protestos para fora do carro, localizou um rapaz que estava com aquele uniforme cáqui, apontou pra ele e disse pra Mané: olha, aquele ali é seu chefe, vc vai passar a tarde aqui. Ele foi bem recebido pelo rapaz que o cumprimentou com aquele aperto de mão e continência escoteira. Em poucas semanas ele já usava uniforme e chapelão, logo depois já tinha ido a diversos acampamentos, aprendido a armar barracas e dar todo tipo de nós e ninguém mais se preocupou se ele era ou não mariquinhas. Ali Mané alçou seu voo próprio e aprendeu a estar Sempre Alerta, mas, bom mesmo era quando tinha atividade conjunta com as Bandeirantes. 28/06/21

Nenhum comentário: