sábado, 9 de novembro de 2013

Mané foi educado numa família onde se tinha por habito dizer as coisas na cara. Mané se lembra de quebra-paus homéricos entre os parentes que vieram do Egito, sempre num nível elevado de calor, quase uma Praça Tahrir familiar. Todo mundo se xingava, colocava os pingos no is, iam embora zangados mas com os pratos bem limpinhos. Tempos depois a paz voltava a reinar em torno das arestas aparadas, até que um próximo entrevero explodisse. Em alguns casos a paz não voltava a reinar, mas isso era porque não valia mais a pena, uma relação que se esgarça não merece mais ser relação. Mané se ressente um pouco e sente falta das brigas e das coisas ditas na cara. Hoje em dia quase não se briga mais, mas a paz não reina de verdade e as pessoas vão arrastando redes cheias de ressentimentos que se um dia se esgarçarem nunca mais poderão ser costuradas. 12/09/2013

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