sábado, 28 de janeiro de 2017

É tarde da noite! Final de um dia frio, nublado e entediante. Mané esta prestes a se recolher aos seus aposentos. No quarto aconchegante iluminado apenas pela luz da cabeceira, Mané remove a colcha, afofa os travesseiros e puxa o edredon. Depois, vai ao banheiro, faz xixi, escova os dentes, tira o roupão de inverno, deita na cama e pega o livro no criado mudo. Recostado nos travesseiros ele puxa o edredon até o pescoço e manobra o livro para se encaixar neste casulo. Mané esta vivendo uma das melhores horas do dia: aconchego quente, livro bom pela metade, silêncio na casa e um leve torpor do sono. O livro se mostra empolgante e Mané vai lendo por 20, 30, 40 minutos. Dentro da sua cabaninha de calor, Mané começa a sentir sono. Além de sono, começa também a sentir vontade de fazer mais xixi. Mané tenta decidir se vai ficar com a vontade ou se vai levantar, sair do quente, ir ao banheiro, abaixar as calças e fazer xixi de novo. Mané tenta ignorar o chamado da bexiga, mas não consegue, é mais forte que a preguiça. Mané então levanta, sente o impacto gelado do ambiente, vai ao banheiro e se posta em pé diante do vaso. Uma, duas, três balançadinhas e eis que o jato se apresenta trazendo uma sensação de alívio e bem estar. Finalizando a ação, Mané volta pra cama e decide ler mais duas folhas para chamar o sono de volta. Quando já se passaram mais 15 minutos de leitura, adentra com estrepito ao recinto a esposa de Mané que estranha o fato deste ainda estar acordado: “ué? Não dormiu ainda”? Ela abre a porta do banheiro, acende a luz, mexe numa infinidade de vidros, abre torneira, faz seu próprio xixi, aperta a descarga e volta ao quarto. “Perdeu o sono?”, abre o armário, pega alguma coisa e sai novamente do quarto deixando a porta do armário aberta e a luz do banheiro acesa. Mané cogita se grita ou se levanta, mas opta por manter a calma, levanta, apaga a luz do banheiro, volta pra cama, se cobre, pega o livro e volta a ler. Dez minutos depois, sem nenhum indício de sono, Mané apaga a luz e deita de olhos bem abertos. Cinco minutos depois, no escuro, Mané se pergunta se fechou a porta do armário, pois a esposa, quando voltasse no escuro, provavelmente daria com a porta na cara. Mané tem a tentação de deixar a porta aberta mesmo, a título de vingança, mas ao invés, acende a luz, levanta, fecha a porta do armário, volta pra cama e pega o livro para ler mais cinco minutos. Nisso entra a esposa, “ainda acordado?”, tira o roupão, afofa os travesseiros, entra debaixo do edredon, vira-se para o lado e em poucos segundos, ressona em paz ao lado de Mané. Mané então se levanta, coloca o roupão, pega o livro, apaga a luz da cabeceira e vai para a sala. De manhã cedinho, com a claridade na cara e o cachorro lambendo sua mão caída ao lado poltrona, Mané escuta a mulher: “ué? teve insônia, dormiu na sala”? 23/07/2015

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