sábado, 28 de janeiro de 2017

Mané, que não é um sujeito supersticioso, andava com vagar pelas calçadas ensolaradas quando, quase sem querer, passou por baixo de uma escada que estava encostada num poste. Mané ficou por uns segundos parados, analisando se ia ficar ou não preocupado com o azar que poderia daí advir mas, como não é um sujeito supersticioso e como já tinha passado por baixo da escada mesmo, resolveu seguir adiante. Cinco metros depois, Mané foi abordado por uma mulher de cabelos brancos, óculos no nariz, xale, pés com joanetes enfiados em sandálias gastas, uma típica vovó, que lhe disse ter notado sua hesitação e que ela tinha uma fórmula para remover o possível azar que, segundo ela, Mané tinha acabado de adquirir. Mané respondeu, "imagina, não acredito nisso, pode deixar isso pra lá", mas a mulher segurou firme no braço dele e lhe disse para retroceder em seus passos, passar em marcha à ré pela mesma escada e depois contorná-la que tudo estaria resolvido. Mané, que não queria ser estúpido com a velha, concordou e, como um idiota, andou 5 ou 6 passos em ré, passou de costas pela escada, contornou-a, agradeceu à velhinha fofa e seguiu apressado em frente. Ainda virou pra trás uma vez e viu a vovozinha lhe dando tchauzinho. 15 minutos depois, ao por a mão no bolso onde sabia ter certa quantidade de reais para pagar por uma água de coco, percebeu alarmado que o dito bolso estava vazio. Ato contínuo colocou a mão no outro bolso e aliviado notou que os 1000 reais que tinha sacado no banco para enfrentar as despesas do fim de semana estavam ali intocados. Mané pagou o coco com uma nota de 100, ouviu a reclamação do comerciante, guardou o troco no bolso e seguiu pela rua tentando lembrar de qual lado a velhinha tinha encostado nele enquanto o ajudava com o vade-retro ao azar. 31/07/2015

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