sábado, 28 de janeiro de 2017

Há dois anos, quando o pai de Mané morreu, ele e a mãe lançaram-se na desagradável tarefa de revirar as coisas dele, livros, roupas, pastas e muita papelada deixada para trás nos seus 90 anos de vida. Nos dias que durou este trabalho, Mané foi acometido por temores, que no fim se mostraram infundados, de que poderiam, a qualquer momento, se deparar com alguma coisa comprometedora que os deixasse em dúvida, quanto à conduta do pai, um trambique, uma outra família, uma conta numerada na Suíça (bem isso seria muito legal), ou algo assim. Naquele momento, a dor assombrava os pensamentos de Mané, mas, com exceção de algumas poucas ações da Petrobrás, das quais ninguém tinha conhecimento e que hoje se mostram um péssimo investimento, não se achou nada e o pai, que sempre foi uma pessoa tranqüila, serena e de poucas palavras, pôde continuar o seu pacífico caminho para o Paraíso, sem nenhuma mancha, dúvida ou questão obscura a macular a sua reputação. Um livro aberto. E você, Mané se pergunta, passaria ileso por uma verificação destas? 02/11/2014

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