sábado, 28 de janeiro de 2017

Mané entra na padaria e repara numa senhora sendo atendida no balcão. Cabelo aloirado, levemente acima do peso, um vestido de verão estampado. Mané olha pra ela, ela olha pra Mané. Enquanto pede os pãezinhos Mané acha que conhece a moça. Pelo rabo do olho percebe que ela esta olhando pra ele enquanto sorve pequenos goles de um suco. Mané já esta com a compra na mão e se dirige ao caixa quando, ao passar por ela, ele vê que ela faz um sinal com a mão e o chama pelo nome. Mané estaca. Um olha pro outro, Mané a reconhece, mas não se lembra do nome. Depois de alguns segundos constrangedores, ela se identifica, os dois se surpreendem e se dão um abraço nem tão apertado, nem tão solto, no entanto. Relembram os tempos do ginásio, ela uma moça bonita e popular e Mané, um mané. Resolvem sentar para um café rápido, a família esta esperando pelo pão. Conversa travada, 50 anos em 5 minutos, lá pelas tantas Mané recorda que a moça ia pra escola de mini-saia, meia branca três quartos e um mocassim marrom cheio de tachinhas. Eles ficam em silêncio e logo depois ela diz que lembrava daquele mocassim, da meia branca e da mini-saia e lembrava também que Mané sempre ficava olhando pras suas pernas quando ela passava. Mané não achava mais que fosse capaz de ruborizar, mas sente o rosto ficar um pouco mais quente e pra sair da situação ele responde: não pras pernas, pras coxas. Uma grande gargalhada deixa o ambiente mais leve e nesse momento um cara barrigudo se aproxima e põe a mão nas costas dela. É o marido, ela diz, e ri mais um pouco. Mané da a mão pra ele e um beijo nela, ela da seu telefone, ele liga pra ela registrar o dele. Provavelmente nunca mais vão se ver. Mané entra em casa com o saco de pão e a esposa pergunta “que cara é essa, parece que encontrou a menina mais gostosa do ginásio!” 04/01/2017

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