sábado, 28 de janeiro de 2017

Mané esta no sopé de um morro lendo uma placa que diz que aquela subida é um local de pagamento de promessas, uma “via crucis” com pequenos santuários que imitam os pontos da Via Dolorosa. Mané não é religioso, muito menos católico e se pergunta por que cargas d’água iria fazer essa subida, uma caminhada de 20 minutos para cima (e mais vinte para baixo) para rever a historia do Cristo, historia esta que ela já viu em Israel no local onde de fato as coisas aconteceram. Suar e fungar morro acima numa cidadezinha perdida no interior de São Paulo, tudo bem que a vista lá de cima é bonita, mas estava parecendo pra Mané que aquele seria verdadeiramente aquilo que chamamos de programa de índio. Eis que Mané, indeciso, se aproxima da primeira estação (“Jesus é condenado à morte”) e se depara com dois peregrinos completamente abatidos, suando e respirando mal, sentados e ofegantes e Mané lhes pergunta: e aí: a subida foi difícil?” Quase sem conseguir falar, o mais jovem diz que a subida é muito muito difícil mas que valia a pena por causa da vista e por causa do bem estar religioso que a subida provoca. Mané insiste, “mas, da pra subir, to na dúvida?” O sujeito, um rapaz de no máximos 40 anos com uma forma física de razoável a ruim, diz então pra Mané: “ah, mas o Sr. deve estar brincando, o Sr. está em excelente forma, vai subir isso aí brincando”. Tendo ouvido esse elogio, a vaidade superou a preguiça e Mané subiu lepidamente até o topo do morro. Lá, depois das 14 estações da paixão de Jesus, Mané encontrou uma vista bonita e uma capelinha. Depois desceu e encontrou a família que o aguardava na pracinha tomando sorvete. 23/01/2016

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