sábado, 28 de janeiro de 2017
Mané chega ao metrô e se depara com uma família, mãe e três filhos, digamos de 16, 12 e 8 anos. Muito atrapalhados, todos suando e falando alto, nitidamente perdidos. Mané tenta evitar o contato, mas a mãe se aproxima e pede uma informação, quando Mané se dá conta de que eles vão para o mesmo lugar que ele, pelo menos até certo ponto. Mané então se propõe a acompanhá-los da estação Vila Madalena até a estação Anhangabaú, de onde a família teria que seguir até seu longínquo destino na zona leste. Dentro do trem eles se comportam de forma atabalhoada, a mãe lhes serve água e bolachas, inclusive para Mané, que recusou gentilmente. Reclamaram ao descer do trem por terem achado a viagem muito curta, reclamaram também das longas baldeações na linha amarela e não se conformaram de seguir por apenas uma estação até a linha vermelha. Ali, finalmente, Mané transmitiu as últimas instruções, que todos declararam ter entendido, mas quando Mané se dirigia à saída notou que, ao invés de embarcarem no trem, eles o seguiram. Mané então explicou de novo e a mãe sorriu também de novo, a título de entendimento, mas mesmo assim eles o seguiram até a catraca e antes que Mané pudesse fazer qualquer coisa, a filha mais velha cruzou a catraca atrás dele. Por um momento ficaram todos paralisados, Mané e a menina do lado de fora e a família boquiaberta do lado de dentro. A mãe, visivelmente perturbada, quando percebeu o que aconteceu começou uma longa peroração a respeito de não terem dinheiro para pagar uma nova passagem e como iam fazer agora e de onde a menina tinha adquirido tanta torpeza. Diante do impasse, Mané que queria se livrar a todo custo da situação, sacou o seu bilhete único de idoso, encostou-o no leitor da catraca que se abriu e empurrou a garota de volta pra dentro. Depois, sem vacilar, virou-lhes as costas e seguiu em passos rápidos e firmes até o seu destino. 02/02/2016
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