sábado, 28 de janeiro de 2017

Mané gosta de ler. Não passa um dia sem ler, no banheiro, no taxi, no metro, no trabalho e em casa. Quem ensinou Mané a ler foi o pai dele, que passou os últimos sete anos da vida com um lado do corpo inerte, mas com a cabeça funcionando a mil por hora até o último minuto. O pai de Mané não se entediava e nem se vitimizava diante da sua condição. Certo dia, convidado a dar um passeio, que era sempre uma operação de guerra com cadeira de rodas, bengalas e andadores, disse que não poderia ir porque estava com a "agenda cheia" e Mané, curioso por saber o teor daquela agenda, questionou o pai e este lhe respondeu que depois de ler o jornal, ele iria viajar estudar e se divertir e, com a mão boa apontou três livros que o esperavam no criado mudo ao lado. Certamente o pai de Mané lhe ensinou muito mais coisas, mas, com o passar do tempo, Mané só consegue se lembrar do amor aos livros. E isso lhe parece mais que suficiente. 01/07/2016

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