sábado, 28 de janeiro de 2017
No sacolão onde semanalmente Mané abastece a despensa tem uma bancada situada bem no meio da loja com um monte de coisas deliciosas, tipo, ameixas, figos e damascos secos, uvas passas, amêndoas, castanha de caju, bolachas, drágeas de todo tipo, enfim, um mostruário de delícias sem fim. Ali tem um cartaz que diz, “se quiser degustar os produtos, peça ao atendente”, ou seja, não meta a mão nos recipientes. Mané sendo um defensor da ordem e da civilidade, depois de muitos anos freqüentando o local, nunca meteu a mão nas vasilhas e sempre pede educadamente para o atendente um figo turco, uma castanha de caju, uma drágea de chocolate recheada com rum ou cereja e sai pela loja mastigando educadamente a oferenda. Hoje à tarde Mané estava lá com seu filho, aguardando a moça lhe entregar o pedido que havia feito quando percebeu que a vasilha de drágeas de chocolate recheadas de cereja estava ali aberta, aparentemente à disposição. Eis que Mané percebeu que a moça estava de costas. Eis também que Mané percebeu que seu filho estava absorto olhando para o além e, depois de um segundo de hesitação, Mané meteu a mão na cumbuca aberta e pegou uma mãozada inteira do confeito e quando ia enfiando tudo no bolso notou que seu filho o olhava de soslaio com um meio sorriso. Nisso a mulher voltou e lhe entregou o pedido pelo qual Mané agradeceu enquanto enfiava todas as drágeas no bolso. Feito isso, saiu andando tranquilamente sem imaginar como lidaria com o flagrante dado pelo filho. Quando tinham se afastado do local, o filho de Mané o cutucou e lhe disse baixinho: “eu quero”. Mané então pôs a mão no bolso e lhe deu a maioria das drágeas, as quais o menino comeu com satisfação. Mané também comeu a sua parte e ninguém mais falou sobre o assunto. Moral da história? 25/01/2015
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