sábado, 28 de janeiro de 2017

Para os padrões da época, Mané, que casou aos 29 anos, já estava fadado a se tornar um solteirão solitário segundo as predições de sua mãe. Mas enfim, antes tarde do que nunca, Mané se casou e deixou, finalmente, o ninho de seus pais vazio. Após as proclamas, a festa e a lua de mel, Mané mergulhou no seu dia a dia e tinha como um dos seus hábitos, falar com sua mãe pelo menos uma vez ao dia quando trocavam impressões sobre o trabalho, sobre o que iam jantar naquele dia e se a esposa de Mané estava cumprindo a contento as suas funções de esposa. Se por acaso calhasse um dia em que por alguma razão eles nao conseguissem se falar, no dia seguinte, a mãe de Mané, com voz cavernosa telefonava e perguntava se Mané tinha por acaso esquecido que tivera uma mãe algum dia. Mané ficava bravo e eles discutiam até que o episodio fosse esquecido, antes de voltar a acontecer dias depois. O tempo passou e muitas vezes depois de "ter esquecido que tinha mãe", Mané desistiu de brigar e resolveu o problema definitivamente da única maneira possível: faz 30 anos que Mané liga todo dia para a sua mãe. 23/09/2014

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