sábado, 28 de janeiro de 2017

Quando Mané era pequeno, gostava de entrar na cozinha da mãe após a função e verificar que estava tudo limpo e sequinho, os pratos meticulosamente arrumados no escorredor ao lado de copos, talheres e etc., e, estando tudo arrumadinho ele pegava um copo, enchia de água mesmo sem ter sede, tomava um golinho e o devolvia à pia imaculada, deixando-o ali a repousar. Isso durou até a sua saída da casa dos pais aos 29 anos. Se a pia estava revirada, Mané não gostava de entrar na cozinha, quando tudo arrumado ele ia lá, tomava sua água ou sujava um pratinho com alguma coisa naquele ambiente silencioso que toma as cozinhas arrumadas e saia sorrateiro deixando o seu rastro. No ano em que passou num Kibutz em Israel, no final do dia de trabalho, Mané se juntava às meninas da cozinha para fazer a limpeza do final do dia. Era uma cozinha imensa, dezenas de utensílios e coisas, no verão todos ficavam encharcados ao final da limpeza e Mané gostava sobretudo dos arremates finais, a água sendo puxada vigorosamente pelos rodos e depois, o apagamento das luzes e a brilhante e silenciosa limpeza que tomava conta do lugar. Nos finais de semana ou quando a auxiliar de serviços gerais falta, na casa atual de Mané, a limpeza da cozinha fica por sua conta. E ele faz com prazer. Depois, quando tudo já ficou do jeito que ele gosta, Mané fica prestando atenção porque em poucos minutos, sua mulher vai lá, pega um copinho no escorredor, verte pra dentro uns dedos de café, pega um colherzinha e um saquinho de adoçante, mexe vigorosamente e toma o liquido escuro. Depois deixa tudo na pia. Daqui a pouco o menino vai lá e deixa um guardanapo jogado depois de ter comido algo e limpado a boca, ou a menina que acorda faminta e vai instalando os apetrechos necessários para comer, forninho, torradeira, prato, faca, garfo, copo...Mané volta quase feliz pra cozinha e constata que a casa esta cheia e que daqui a pouco vai ter louça pra lavar. 11/09/2016

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