quarta-feira, 12 de julho de 2017
Para ir do metrô até o escritório, Mané passa por uma rua que fica tomada por estudantes universitários, entre 10 e 11 da manhã. Nessa hora, deveriam estar todos diante de um professor nas salas de aula, concentrados, tomando notas nos seus cadernos, esclarecendo dúvidas e preparando-se para assumir o mundo quando a geração de Mané desaparecer. No entanto, o que Mané vê são centenas de meninos e meninas espalhados pelas calçadas ou em mesas de bar, comendo pão com Nutella, bebendo cerveja, fumando cigarros e dando uns tapas na pantera. Meninos de bermuda, brinco e rabo de cavalo, mochilas displicentemente atiradas ao chão. Meninas de shortinho, umbigos à mostra, chinelos de dedo, unhas do pé pintadas de azul, rindo à larga e mostrando suas arcadas dentárias alvas e perfeitas. Mané olha pra tudo aquilo e lamenta. Mané se pergunta para onde vão essas gerações, sabem por quê? Porque Mané sente inveja deles e gostaria muito de ir junto para onde quer que fossem.
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