quarta-feira, 8 de novembro de 2017
Mané se apaixonou muitas vezes. Sempre achava que aquele seria o amor de sua vida, sempre ficava radiante quando conquistava a moça, sempre sofreu as maiores decepções quando aquilo tudo acabava. Certa vez Mané caiu de amores por uma garota, arrastava um caminhão por ela que correspondia, mas não na mesma intensidade. E aquilo, para Mané, era um fogo que queimava suas energias, uma sofrência sem fim na tentativa de agradar a menina que nunca estava totalmente satisfeita. A moça morava longe, Mané se desabalava para encontrá-la, muitas horas de estrada, kilometros de ansiedade e a moça recebia as benesses com aquele ar blasée de quem esta a ser servido por um vassalo. Num desses dias ela lhe disse que se sentia sufocada pelo amor dele, que queria dar um tempo, arejar, deixar o vento entrar pelas janelas, experimentar outros sabores, assim ela falou, “apenas para ter certeza de que o amava”, mas que o entretanto seria breve, Mané podia ter certeza. E Mané saiu da casa dela arrasado com a certeza de que ela apenas o estava a consolar e que nunca mais a veria, que aquele grande amor tinha chegado ao fim. O mané apaixonado ensimesmou-se por meses a fio, no período que duraram as aventuras da menina que foram interrompidas por uma carta [sim, mandavam-se cartas pelo correio antigamente] onde ela dizia que apesar de ter se esforçado muito, não tinha conseguido parar de pensar nele e ele, que também não tinha parado de pensar nela, pensou que ia explodir de alegria, só de imaginar a sensação de voltar a tocar na pele dela. Encontraram-se sem demora a celebrar o reencontro e Mané que contou a ela tim tim por tim tim o que tinha sido a vida dele naquele intervalo, não quis saber de nada do que tinha acontecido a ela, muito menos o que tinha experimentado de novo. Naquele dia Mané voltou pra casa renovado, de alma lavada e enxugada, tão limpinha e tão seca que ao deitar a cabeça no travesseiro teve a certeza de que nunca mais ia querer ver a garota de novo.08/11/2017
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