domingo, 15 de abril de 2018
Mané está à mesa com Salma terminando o desjejum. Mané percebe que Salma pensa e quer dizer algo. Então Mané diz: « o que foi »? Salma ainda remoendo, Mané não sabe se é o último pedaço de pão ou se o pensamento, responde: « essa história de publicar coisas a nosso respeito, isso não está certo ». Continua: « pessoas me encontram e perguntam como foi que terminou este ou aquele assunto, tudo foro íntimo e eu sempre sou pega de surpresa ». Mané toma mais um gole da xícara para ganhar tempo. Ela continua: « como você reagiria se eu desfiasse para todos o seu mau humor e hipocondria, só pra citar duas coisinhas? Se eu contasse pra todos da agonia que é te aguentar quando o cachorro está doente ou das suas exigências absurdas de entregar o imposto de renda no primeiro dia e da sua obsessividade e terrorismos permanentes sobre desgraças que estão por vir »? Mané diz: « esses textos são apenas licenças poéticas e esses defeitos estão todos confessados...» e Salma interrompe: « exijo direito de resposta »! E então Mané, magnânimo, ofereceu: « escreva o que quiser, a mesma pessoa que me pública, publicará os seus ». O silêncio caiu sobre o recinto e, como de hábito, Mané fez um cafuné no cão e levantou-se para lavar a louça do café. Entremeados com o barulho da água que caia da torneira, Mané escutou os passos silenciosos de Salma a se afastar.15/04/2018
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