domingo, 13 de janeiro de 2019
Ele não lembra mas a família conta que, quando embarcaram no navio que os traria do Egito, Mané, que recém dava os primeiros passos, assim que se viu no convés, aproveitou uma distração de sua jovem mãe e disparou para longe, deixando a família em polvorosa nos primeiros minutos daquela que seria a maior aventura de suas vidas. Com a ajuda de tripulantes e de outros passageiros, capturaram Manézinho e o devolveram à segurança do colo de sua mãe que, mortificada, já imaginava o pimpolho mergulhando no Mediterrâneo e sendo devorado por terríveis criaturas marinhas. Um dia se passou e a convivência já se tornava insuportável pois a mãe não largava de Mané que se debatia freneticamente em busca de liberdade. De noite, aproximou-se um senhor e ofereceu à família um objeto que já não lhe valia mas poderia oferecer segurança para a mãe e certa liberdade para o endiabrado petiz: uma coleira. Era uma coleira dorsal, de couro, feita para crianças mesmo, à qual foi adaptada uma extensão e desde aquele momento, Mané andava pelo navio a dois metros de sua mãe, ele mais ou menos livre, ela mais ou menos tranquila. Mané pensa nesse episódio todo dia, quando passeia com Milu e sempre toma cuidado ao dar puxões e trancos, talvez por ter levado alguns naquele passado distante. Nesse começo de ano turbulento, Mané andou desejando que sua mãe lhe apusesse uma coleira, mesmo que virtual, e lhe indicasse qual o caminho bom para seguir, às vezes Mané se sente meio solto e fica com medo de tropeçar, cair no Mediterrâneo e ser engolido por uma terrível criatura marinha. 11/01/2019
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