quinta-feira, 26 de setembro de 2019
Fim de tarde. A casa está vazia e silenciosa. Mané repõe o moletom que tinha tirado, senta na poltrona e levanta o apoio dos pés. A sala está iluminada apenas pela luz de leitura e Mané, depois de devolver o olhar intenso a Milu que o observa, pega o livro que estivera lendo de manhã e abre na página marcada. É um livro policial escrito de forma bem realista e Mané o tinha abandonado contra sua vontade quando saía para o trabalho. O autor descreve acontecimentos e sensações de uma forma tão explícita que Mané pode sentir fisicamente as coisas enquanto lê. Milu está inquieto mas Mané o ignora. Numa determinada passagem do livro o investigador encarregado do assassinato está numa sala cheia e sente uma vontade incontrolável de peidar. Ele sabe que naquele recinto fechado o estrago será considerável então tenta segurar a soltura dos gases enquanto pode mas, em vão. Num momento determinado, ele aderna disfarçadamente para a direita e solta um grande peido, daqueles silenciosos e muito, mas muito fedorentos. De imediato, a sala fica em polvorosa, todos abanando e acendendo fósforos mas o cheiro é insuportável e as pessoas começam a debandar atabalhoados. Enquanto isso, Mané que se divertia com a cena, começou a sentir um cheiro de horrível e por um instante imaginou que o realismo da escrita o estava afetando. Mané encostou o nariz nas páginas do livro para ver se estava fedendo, depois, na medida em que o cheiro não passava, Mané levantou pra ver se não tinha pisado em algum cocô e foi quando se deparou com Milu que o observava com cara de pidão culpado já esperando perto da porta. Mané pôs a coleira no cão, pegou dois saquinhos plásticos para recolher dejetos e saiu. No elevador Milu ainda soltou mais um peido e na rua, enfim, Mané vai poupa-los dos detalhes sórdidos mas ele teve que usar os dois saquinhos. 22/07/2019
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