quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Há uns anos atrás, na época da segunda (ou terceira?) intifada, Mané resolveu ostentar em seu carro uma bandeirinha de Israel, uma forma naïve de marcar uma posição e demonstrar apoio, orgulho ou o que quer que seja com relação ao fato de ser judeu. Nesse período Mané teve três incidentes desagradáveis, tendo sido agredido verbalmente no trânsito e chamado de «judeu» daquela forma agressiva que o fazem os covardes racistas. Numa das vezes Mané chegou a ir atrás do sujeito e ia iniciar uma altercação mas foi impedido por Salma. Nas outras Mané ficou chateado mas ignorou o ignorante. Hoje, no posto de gasolina, Mané foi abordado por um outro cliente que lhe perguntou se era judeu. Mané estranhou e por alguns segundos perguntou-se de onde o cara podia saber se ele era ou não judeu, mas ao ver o sujeito olhando fixamente para a bandeirinha, respondeu, «sim, sou, porque?» ao que o cara diz que tinha tido um médico judeu que tinha falecido e agora não sabia mais como fazer. Mané o aconselhou a procurar outro médico mas ele respondeu que ele só confiava em médicos judeus e não sabia onde encontrá-los e assim se Mané pudesse ajudar e indicar um clínico geral judeu seria de grande valia. Mané ficou ali sem saber o que fazer, querendo se livrar do sujeito que falava muito de perto e parecia pegajoso. Diante da hesitação de Mané, ele começou a ficar suplicante e não aceitou o argumento de Mané de que a religião não determinava a qualidade do médico, mas o grudento insistiu e Mané, que já ligava o motor, recebeu dele um papel com seu celular e a recomendação de lhe telefonar caso tivesse uma indicação para fazer e arrematou: «eu adoro judeus, o povo de Israel vive, shalom», Mané está pensando seriamente em tirar a bandeirinha do carro. 17/04/2019

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