quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Mané já está na maca trajado com aquele avental ridículo com uma das coxas de fora que ele tenta cobrir mas quando o faz descobre a outra então ele deixa assim mesmo e então a enfermeira vem e coloca um lençol sobre suas pernas e avisa que vai fazer um pequeno furo na veia e daqui a pouco Mané está com uma agulha espetada na mão, um torniquete no braço pra medir a pressão, uma presilha no dedo e um monte de terminais grudados no peito. Já tem um soro gotejando, pessoas paramentadas andam pra lá e pra cá e sorriem cada vez que passam por Mané que está tranquilo mas um pouco tenso e antevê o momento em que irá ganhar a sua dose de sedativo para ser levado para o delicioso abismo da quietude e da escuridão enquanto na vida real alguém vai retalhar seu olho. Pouco depois ela aparece, doutora Alessandra tudo bem eu sou a anestesista qual seu nome data de nascimento qual olho vai operar vou injetar aqui um remedinho e Mané: “doutora eu estava esperando por esse momento, eu adoro sedação, todos mereciam uma dose disso pelo menos uma vez por semana” e nisso a voz de Mané começou a sair com dificuldade, ele queria agradecer à doutora pela anestesia mas seus olhos ficaram pesados e ele ainda conseguiu vê-la sorrir, bonita a doutora, Mané acha que loira mas não tem certeza e, bem...10/04/2018

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