quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Mané foi encontrar com dois amigos. Tinha outros dois que iam, mas deram cano no final. Na mesa do bar, os três que não se viam há tempos, os três na faixa dos 60/63, comentam sobre filhos já adultos, um deles, netos e o outro, separado há um ano, sobre as dificuldades de se relacionar nesses tempos modernos. Entre rugas, cabelos brancos ou ausentes, problemas na gengiva e entupimento de coronárias, os três transformam os lamentos em piadas. O solteiro diz que antigamente era mais fácil paquerar. Coisas que fazia antigamente, hoje poderiam ser encaradas como assédio, “a mulherada não tá fácil”. Ele diz que não sabe mais até quando insistir sem que o seu alvo saque de repente uma faixa de protesto e pergunte se ele sabe o que quer dizer “não”, ou “não agora”. Nem as de 60 anos estão facilitando, ele diz, por isso na semana passada resolvi investir nas meninas de 40. Mané perguntou, apontando para seus cabelos brancos, se ele queria uma acompanhante pra velhice ou uma companheira. Todos riram, ele ainda comentou que “os dois”. Paira na mesa um clima nostálgico e Mané fica com medo de sair deprimido do encontro mas eles seguem adiante rememorando aventuras do passado, todas as meninas que tinham comido e a maioria que não, algumas surpresas: “o que? Você e a XXXX”? “sim, e durou quase um ano”! “sério, mas você não estava namorando com a YYYY”? E todos riram de novo. Num momento de silêncio, o solteiro vira e fala que esta com um problema na perna e que o medico tinha recomendado fisioterapia. Joelho, ombro, próstata, normal, todos têm problema. Os dois o olharam, pois ele parecia querer continuar. “Marquei hora na fisio uma moça de uns 40 anos e logo na entrada vejo que ela é linda. Depois de uma breve conversa ela me pede deitar numa maca e já deitado eu a escuto mandar que eu abaixasse as calças. Rapidamente pensei se a cueca estava limpa ou furada, mas abaixei tudo mesmo assim e fiquei deitado ali naquela situação ridícula. A moça voltou com um aparelho, colocou luvas de látex nas mãos que tinham as unhas pintadas de vermelho, sorriu e começou a trabalhar. Depois do aparelho ela começou a manusear minha coxa perguntando se dói aqui, dói ali? e, conforme fui respondendo ela foi subindo e massageando, apertando, apalpando até chegar bem perto, você sabem...Mané de olho arregalado perguntou, perto quanto? Perto, ele disse, bem perto da virilha. E Mané: “da virilha ou...”? Exasperado ele respondeu, “não vou dizer que chegou no saco mas virilha é virilha, porra”. Todos riram. Mas ele continuou: “sabem o que aconteceu”? Todos prestaram atenção: “nada, não senti nada, nem um frio na barriga, nem uma comichão, nada”! Continuou dizendo que a moça, além de linda era simpática, que a sua mente suja é que exigia que ele sentisse alguma coisa, enfim, saiu de lá com a promessa de voltar na sessão da próxima semana. Ele continuou: “cheguei em casa deprimido e me sentindo impotente então tomei coragem e passei um whatsapp para doutora e de chofre, convidei-a pra sair. Para meu espanto ela aceitou, vamos nos encontrar sábado, mas minhas preocupações agora são diversas, não sei até onde posso ir, se chegarmos às vias de fato não sei se vou funcionar e será que vou ter que arrumar outro fisioterapeuta, tinha gostado dela, já sentia melhora na perna.” Entre as últimas gargalhadas, Mané, enquanto esvaziava sua tulipa de chopp black aconselhou-o a procurar um fisioterapeuta homem, quem sabe funciona? 05/04/2018

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