quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Dentre as inúmeras pintas, manchas, marcas, perebas e quetais que Mané adquiriu com o tempo tem uma para qual a dermatologista perdeu a batalha. Não adiantou passar ácidos, pomadas ou ungüentos. A mancha, que é semovente, aparece e some a seu bel prazer. Fica no meio da testa e quando está nos melhores dias, parece aquela marca que fazem os indianos. Incomodado, Mané passou a observar diariamente o comportamento da mancha e percebeu que, quando estava mais relaxado, a malvada ficava praticamente invisível. Em compensação, depois de uma discussão com Salma, indo ao banheiro para se acalmar, Mané percebeu a mancha vermelha e ardente como uma chama. Comentou com Salma e, bingo, é uma mancha de stress. Comentou também com a dermatologista que disse: pode ser. Após alguns testes Mané pôde confirmar que, sim, com stress, mancha vermelha, sem stress, quase sem mancha. Aproveitando-se desse indicador, cada vez que Mané tem que tratar de um assunto estressante ele pede ao interlocutor para verificar a cor da mancha e se estiver vermelha ele de pronto adia a contenda. Com Salma ele nem precisa falar. Ela olha e se estiver vermelho já oferece uma massagem nos pés, um aperitivo ou um baseado. No entanto, se a mancha estiver invisível e tiver um assunto espinhoso a tratar ela graceja: senta aqui, vamos instalar um Bindi na sua testa. Nos tempos que vão a pereba anda permanentemente vermelha. Às vezes tem duas. 29/12/2019

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