sábado, 26 de setembro de 2020
Depois de seis meses Mané finalmente resolveu lavar o carro e foi surpreendido com o fechamento de três lavajatos das redondezas. Acabou encontrando um aberto lá longe, em Perdizes. Pra matar o tempo enquanto esperavam, foi com Anuar passear no Parque da Água Branca. Depois de andar ao sol naquele lugar bucólico, sentaram-se numa área onde tem uns coretos de leitura e um cara vendendo aqueles sorvetes de máquina de antigamente, bem perto de um grande e incompreensível criadouro de galinhas. Estavam tomando sorvete quando atrás deles um homem começou a gritar: “vai que é sua”, insistentemente. Mané virou e viu que havia uma disputa entre dois galos para ver qual conseguia cobrir uma galinha. Cada vez que um conseguia subir na candidata o cara gritava: “vai que é sua”, mas o fato é que a tal galinha não se entregava e os galos ficavam rondando com cara de bobos. Incomodado com a gritaria, Mané falou pro cara que ele estava assustando as aves, que elas precisavam de silêncio para procriar. O cara disse que estava só incentivando os galos e que a galinha estava agindo como uma vagabunda, atiçando os dois galináceos e caindo fora na hora H, e com essa atitude ele tinha descoberto porque a última namorada dele era chamada de galinha. Mané começou então a explicar que galinha era como se costuma chamar a mulher que atiçava e chegava às vias de fato com muitos e não as que caiam fora, mas, nesse momento, Anuar disse que queria mais um sorvete antigo, o que foi bom porque o homem já olhava com cara de poucos amigos. Quando se afastavam, o sujeito voltou à carga e eles ainda escutavam “vai que é sua”, quando saíram do parque rumo à Rua Turiassú. 26/9/2020
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