sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Mané foi a uma dermatologista tão nova que poderia ser sua filha. Tinha uma penca de perebas e logo a moça mandou-o tirar a camiseta e deitar na maca. Ela ficou um tempo olhando pra pele de Mané com uma lupa, emitindo sons e gorjeios de quando em vez. Pediu pra ele virar, suspendeu o short, puxou o elástico e depois, olhou com ar professoral e disse: então o senhor maltrata seu corpo de todas as formas e quer ficar impune? Esse calo aqui, e apontou para uma protuberância no dedão de Mané, é a pele dizendo, peraí, você me morde e me arranca pedaços e não quer que eu reaja? Tá aqui um calo pra me defender. Essas perebas todas pelo corpo são a sua pele a gritar: estou com sede, hidrate-me! Agora tem umas quatro ou cinco aqui que vou ter que queimar e analisar no retorno, é a sua pele apontando o dedo acusatório, tomou sol por anos sem cuidado, agora toma. E depois, sorrindo ela disse, vamos sentar. Pegou um ácido, queimou alguns pontos e escreveu furiosamente no bloco de receitas. Passe esse hidratante nas mãos, esse outro nos braços e pernas. Esse terceiro no rosto. Não mexa nas feridinhas que queimei e volte daqui a um mês e sadicamente acrescentou: pode ser que tenhamos que cortar umas coisinhas fora...se anime, você está bem, mas dá uma melhorada nessa postura.29/11/2020

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