terça-feira, 30 de março de 2021

Um belo dia Mr. Pullford chamou o pai de Mané à sua sala e, constrangido, falou: Mr. Aslan, I believe you already know what I wanted to say. For government order, I have to dismiss any non-Egyptian, foreign and Jewish employees, and for that reason, I regret to inform that you are fired. Aslan, egípcio de segunda geração, casado, dois filhos, lançou um olhar triste para o Sr. Pullford e respondeu: yes I know, but I never thought that day would come. Nas tratativas para o desligamento, Pullford perguntou para o pai de Mané para onde iriam, já que estavam sendo expulsos. Aslan, acariciando o seu laissez passer de apátrida, disse que não sabia, Itália, talvez América do Sul. Argentina?, perguntou Pullford. Não, São Paulo disse Aslan, acho que Brasil. Pullford perguntou então se Aslan preferia receber sua indenização no local de chegada pois o governo egípcio provavelmente ficaria com qualquer dinheiro que houvesse em nome de judeus. Aslan concordou e assim foi feito, recebeu uma parte na Itália e outra no Brasil. Foi um dos poucos imigrantes que chegou aqui com grana, dinheiro esse que ele quis usar para comprar um apartamento mas Sara, mandona e impositiva, o convenceu a abrir um negócio com os irmãos dela. Abriram uma distribuidora de papel, estavam indo bem mas Sara tinha irmãos tão difíceis quanto ela. Um deles, aquele com quem poderia dar certo, desistiu logo no início e foi trabalhar numa indústria de embalagens. O outro, com quem Mané era comparado quando aprontava, entrou no negócio que faliu meses depois. No hard feelings. Depois disso o pai de Mané foi trabalhar na Willys Overland do Brasil e comprou um Renault Gordini. Pouco depois a Willys se transformou na Ford, essa mesma que está fechando as portas. 13/01/2021

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