sábado, 25 de setembro de 2021
As ruas de São Paulo estão cada vez mais desafiadoras. A sensação de insegurança está presente em qualquer lugar da cidade. Mané lembra que antes a cidade tinha uns pontos viciados, era perigoso ir em alguns lugares, noutros era mais seguro, enfim, a violência esteve sempre presente. Agora, além da violência temos também a miséria espalhada de forma generalizada por todos os rincões da cidade, dos mais opulentos aos nem tanto. Mané distribui esmolas por onde anda, às vezes distribui os excessos de comida, doces, roupas e cobertores da ong, enfim, ele sabe que não é muito, mas Mané é uma pessoa que está ligada no problema. Por isso hoje ficou se sentindo mal com um episódio que ocorreu quando chegava à casa da sua mãe na Bela Vista. Ali na Praça 14bis tem um acampamento grande de sem tetos e quando Mané para no farol costuma atender aos pedidos dos que chegam pra pedir. Um cara aproximou-se andrajoso à janela fazendo aquela chorumela e Mané pegou uma nota de 5 reais que estava no console e entregou ao sujeito que reagiu: “o que? Você aí nessa lemosine (sic) vai me dar só cinco reais? Tá pensando o que, ô ricão, acha que vai levar esse carrão pro túmulo? Pro caixão eu e você vamos do mesmo jeito, apesar das diferenças entre nós agora”. E enquanto se afastava, depois do farol abrir, continuou: “você vai pro inferno ô magnata, da próxima vez que te ver, em vez de pedir, eu vou pegar o que quiser, seu sacana miserável filho de uma p…”! Mané acelerou a “lemosine” pela Av. Nove de Julho fugindo com medo do incômodo, mas ficou com um travo amargo na boca. Sentiu-se injustiçado, no entanto, achou que nem tão no fundo assim, o cara tem razão. Mané chegou à casa da mãe com a moral na sola do sapato e desabafou com ela que ouviu com aquele seu olhar de velhinha e no fim falou que “não, não se preocupe, você é um bom menino, de jeito nenhum você vai pro inferno”! 01/07/21
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