sábado, 25 de setembro de 2021

Da primeira vez que Mané viu Salma, usava um moleton amarelo-canario, era a formatura de Latifa, uma amiga comum. Naquela noite ela não percebeu muito a presença dele, Mané lembra que ela olhou para o moleton, depois pra ele e depois para o moleton de novo. E foi só isso. Mané, que não sabia estar sendo plantada ali a semente do amor da sua vida, ficou feliz com a mirada dupla que recebeu e mais feliz ainda com o fato dela ter reparado na cor do agasalho, já que Mané é um notório apreciador de cores fortes e combinações esdrúxulas das mesmas. Da segunda vez que Mané viu Salma, pilotava uma poderosa CB400, usava um óculos escuro espelhado, um jeans cor de vinho, tênis e meias brancas. Por cima de tudo um colete acolchoado sem mangas, cor de rosa. Encostou a moto no meio fio, puxou os óculos para a cabeça e disse: você não é a amiga da Latifa? Sobressaltada, ela lhe confirmou sorrindo, olhou para o colete rosa, depois pra calça vinho, depois pra ele de novo. Mané ofereceu-lhe carona mas ela declinou. O terceiro encontro se deu meses depois, na praia. Mané de longe as viu, Salma, Latifa e outra amiga. Enquanto Latifa acenava, Mané, que usava uma sunga roxa, camiseta e sandálias havaianas cor de laranja, aproximou-se sorrindo e teve uma recepção afetiva de Salma, que antes olhou para sua camiseta, depois pra sunga e depois para o rosto de Mané, que usava seus óculos de grau. Dia desses, Mané detalhava para Salma as coisas pelas quais tinha sido atraído por ela. Riram porque hoje, a maioria dessas coisas são motivo de atrito. E você, perguntou Mané. Depois de pensar um pouco Salma disse que tinha sido atraída pelo exagero das cores que ele usava. Disse ainda que hoje achava meio over, aquele monte de cores gritantes pelo corpo e acusou Mané de transmitir isso para o filho. E Mané: ué? Vc não foi atraída justamente por isso? Nisso chega Anuar: mãe, olha o cadarço que o pai me deu, laranja marca texto pra combinar com o verde-limão dele, vamos andar? 12/05/21

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