sábado, 25 de setembro de 2021

Mané escreve uma crônica para a revista e um pouco antes de sair pede para Salma dar uma olhada na ortografia. Ela chia, diz que está ocupada e Mané ignora as perorações e diz que deixou o papel, frente e verso, encima da mesa no escritório, antigo quarto de Samira. Salma então pede uma encomenda da farmácia e Mané chia porque não tem coisa mais insuportável que fazer compra na farmácia com aquela rotina de falar o cpf quatro vezes, além do plano de saúde para depois o sujeito dizer que vai aplicar o desconto da rede. Depois de cruzar a av. Paulista, ida e volta, a pé com Anuar, eles passam na farmácia e compram shampoo, lixa de unha e um remédio. A moça: cpf por favor? E Mané: eu não quero desconto! Ao chegar em casa Salma pergunta se ele pediu desconto e Mané responde com um grunhido. Mané pergunta para Salma se ela corrigiu a crônica e ela grunhe de volta. Mané vai então até o escritório e encontra a folha de papel coberta de rabiscos, com linhas inteiras riscadas, no verso Salma tinha simplesmente obliterado um parágrafo inteiro. Lá de dentro Mané grita, “o que é isso”? Salma vem para o escritório e diz que ela deu uma enxugada, que Mané fica repetindo palavras e pensamentos, que tinha problemas ortográficos e de concordância, enfim, “acho que tem que ficar assim”! Mas você mudou a história, protestou Mané, você quer escrever uma crônica e eu mando a sua no lugar da minha? Quem escreve crônicas aqui é você, respondeu Salma, se não quiser aceitar minhas correções, não aceite! Enquanto ela saia Mané disse que não tinha pego desconto no remédio. Ela disse que estava bem e que iam almoçar as sobras de ontem. E Mané acrescentou que ia mudar o nome da crônica para “as correções”, ao que Salma respondeu que já tinha um livro com esse nome. 13/04/21

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