Mané está pasmado na poltrona. A televisão está ligada na novela mas Mané não assiste. Mané também não está pensando em nada, nada passa pela sua cabeça, o ambiente está esgazeado, reina uma lúgubre penumbra na sala. São 18:35, a repórter anuncia que mais tarde vão atualizar as desgraças do dia. Súbito, toca o telefone! Sr. Mané? É da ubs da rua Purpurina, o sr se matriculou aqui na xepa quer vir tomar vacina da Covid? Como, o sr já tomou? Ah, tinha se matriculado em duas xepas? O sr então deve ter dois endereços, enfim, o sr já se vacinou...oi? Mandar seus filhos no seu lugar? Eles são idosos? Ah, então não pode. Eu imagino que sua filha esteja aflita mas pede pra ela ter calma, obrigado! Mané desligou e ficou olhando pra Samira que reclamava por não poder tomar vacina. Então Mané, pra consolar Samira, resolveu lembrá-la que iriam no dia seguinte tomar vacina da gripe. Veja só, vamos fazer um programa familiar, não tem vacina de Covid mas vamos tomar contra H1N1, Influenza, não é uma boa ideia? Samira chorosa perguntou se podiam levar o Milu; Mané aquiesceu! E assim, agora há pouco, saíram todos de casa e foram até o cursinho onde Samira trabalha e tomaram todos a vacina contra a gripe. Foi um programão. Depois foram até o correio despachar uns livros do sebo da Salma, tomaram sorvete, Milu fez xixi por toda a Alfonso Bovero e agora estão todos aqui, cada qual pasmando em sua poltrona, menos Milu, que está estatelado no tapete. 15/04/21