sábado, 25 de setembro de 2021
Mané está no carro com Anuar e Samira voltando pra casa depois de uma tentativa frustrada de caminhar em Pinheiros. Chove lá fora, eles estão passando pela rua Morás e Mané aponta pra um prédio e diz que, quando começou a namorar com Salma, há 38 anos, naquele local ficava a escola onde ela, recém formada, trabalhava. Tendo ganho a atenção dos filhos, Mané continuou dizendo que Salma, cuidava de uma classe de petizes e que quando ela tinha reunião pedagógica à noite, Mané costumava ir buscá-la para dar uma namoradinha básica no fim da noite. Mané saia da Bela Vista onde morava com os pais, ia na sua moto até os rincões da Vila Madalena e ficava esperando por Salma num boteco pé sujo na esquina da Mourato Coelho. A frequência no boteco variava de peão de obra, intelectuais argentinos, vagabundos e bêbados de qualquer natureza. Quando a espera ficava longa Mané gostava de tomar um cálice de Fogo Paulista, bebida que faz jus ao nome pois desce queimando tudo que encontra pelo caminho. Mas, pai, perorou Samira, fogo paulista e depois saia dirigindo moto? A mãe aceitava ir na sua garupa? Você levava capacete pra ela? Com a cara cheia de fogo paulista? Às vezes um bombeirinho e uma coxinha de vitrine? Mané respondeu às perguntas, os filhos se divertiram e se espantaram com os hábitos desse passado recente mas, mais do que isso, espantaram-se que os pais tenham tido uma vida agitada antes da existência deles, que tenham cometido essas pequenas irresponsabilidades, entre outras coisas. E então, o que acha que seus pais e avós fizeram quando nem projeto você era? 07/06/21
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