sábado, 25 de setembro de 2021

Quando pandemizamos em março de 2020 deixamos de fazer muita coisa, de ver muita gente, enfim. Abandonamos o trabalho presencial, o convívio com colegas de trabalho, os almoços diários em restaurantes, reuniões de família, encontros com amigos, muita coisa. Nesta semana, quando se iniciam as discussões sobre a volta ao trabalho presencial, Mané surpreendeu-se ao não achar a ideia tão boa. Claro que a variante delta pesa nesse julgamento mas, Mané imaginou que a volta ao trabalho presencial traria de volta também pegar metrô, sair de casa cedo, discussões normais no convívio do dia a dia, almoços naquele quilo meia boca, trânsito se ele optar por ir de carro, horários inflexíveis, isso pra falar do trabalho. Mané perguntou-se de quais amigos ele sente falta. A resposta foi que, dos quais sentia falta ele deu um jeito de encontrar e nem são tantos assim. Ah tá, vai ser bom tomar café sábado à tarde ou comer uma pizza uma ou duas vezes por mês, mas, será que está sentindo tanta falta assim? E as intrigas familiares que viraram fumaça em meio a tudo isso? Quem importava na família, Mané também deu um jeito de encontrar. Terá sentido saudade do resto? Tem coisas que Mané gostou na pandemia, não fosse o medo de morrer. O estreitamento do convívio com sua família pequena, os três passeios diários com o cachorro, séries na TV (no começo, porque ninguém aguenta mais). Ao fim da conversa sobre o retorno, Mané constatou que não sabe se vai se acostumar à vida anterior. Ele acha que vai sentir saudade da pandemia, não fosse o medo de morrer. 04/08/21

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