sábado, 28 de janeiro de 2017

Ainda com relação ao post anterior, Mané não quer dar a entender que tudo se resolveu lepidamente, que no dia seguinte, ele tirou o cheque subtraído da carteira e discou o número da moça (sim se discava o número do telefone) e que eles se encontraram e que tudo se revelou e que viveram felizes para sempre. O que de fato aconteceu pode ser resumido em apenas uma palavra: “nada!” Ou melhor, aconteceu que aquele cheque que Mané surrupiou da mesa e embolsou, se transformou na primeira conta que Mané viria a pagar para sua esposa, não que em diversas oportunidades eles não tivessem dividido contas ou em outras até mesmo ela ter assumido as despesas, afinal, tratava-se de um casal moderno. Mas voltando aos fatos, eis que o mês de dezembro terminou, entrou janeiro de 1983 e com ele as férias e cada um foi para um lado e a verdade é que não se falou mais no assunto, mesmo que Mané sentisse permanentemente a presença daquele cheque na sua carteira. Eis ainda que as férias acabaram, que chegou o mês de fevereiro e com ele a festa de aniversário de uma amiga comum. Pleno verão, Mané estava tomando cerveja gelada sem se importar que fosse noite, que estivesse de moto e ainda por cima sem capacete, as coisas eram assim no passado. Lá pelas tantas a porta se abre e eis que ela surge esplendorosa, vestida de branco e queimada de sol. O coração de Mané chegou a fibrilar, mas ele resistiu e tomou a decisão de que a revelação não passaria daquela noite. Na primeira oportunidade, Mané sentou-se ao seu lado e abriu uma conversa fiada, mas ele sabia que ela sabia que ele não estava falando coisa com coisa, apenas olhando sem conseguir desviar para as marquinhas de biquíni que se viam por baixo e por entre a blusinha leve que ela usava, quando ele resolveu dar a sua grande cartada: “você percebeu que o saldo da sua conta bancária esta maior do que deveria estar?” “conta bancária”? “sim, saldo em banco, você deve ter XX cruzeiros a mais na sua conta!” “Minha conta, sei lá, não vejo o meu saldo no banco desde dezembro, por quê?” Mané ficou desconcertado e apenas disse: “Ah!” Nisso ela pediu licença dizendo que ia ao banheiro e já voltava e Mané ficou ali esperando, mas ela não voltou, ao contrário, pouco depois saiu de braço dado com um sujeitinho e Mané ficou ali sem saber o que fazer com o coração partido. 13/06/2016

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