sábado, 28 de janeiro de 2017
Ele chegava no início da tarde e encontrava a porta destrancada. Logo ao entrar se deparava com o gato que o observava silencioso e depositava na mesa da sala o que quer que tivesse trazido, um bolo, pães frescos, alguma fruta ou mesmo algum doce, daqueles de padaria ou confeitos. Ele costumava encontrá-la no banheiro escovando os dentes ou às vezes sentada no sofá observando a cena, tão quieta quanto o gato. Nada denunciava a ebulição que os tomava quando se encontravam. Chegava o momento em que eles se abraçavam, reconheciam seus corpos e se cheiravam e era nessa hora que o gato, discreto, recolhia-se ao seu canto e eles sentavam para conversar e suprir a falta que tinham sentido desde o dia anterior. E eles se pegavam, passavam a mão um no outro e olhavam-se olho no olho. Ele gostava de passar a mão nos cachos de sua cabeleira loira, na sua nuca e no pescoço. Ela gostava de enfiar a mão por debaixo de sua camisa e acariciar seu peito e suas costas. Logo ela subia no seu colo e eles passavam a se beijar com força, saciando uma sede que vinha não se sabe de onde. Depois eles iam para o quarto e tiravam a roupa olhando um pro outro, devagar e em silêncio. Nos dias frios, ele entrava debaixo das cobertas, nos quentes ele se esparramava por cima do lençol. Ela ainda se demorava um pouco a se desvencilhar dos panos e pouco depois deitava ao seu lado, os corpos se encontrando por inteiro, um contato da cabeça aos pés, um sentindo cada ponto do outro. A eletricidade. A pele. Com a urgência já evidente ela sentava ao seu lado e ele ficava observando enquanto ela domava vagarosamente os seus cachos numa trança precisa, os fios loiros e compridos sendo engendrados de um lado para o outro, apertadinhos. Olhava para as suas costas, a espinha ereta e os músculos vibrando enquanto suas mãos se moviam a trançar. Depois, ela deitava de novo e aninhava a cabeça no seu ombro, encaixava o seu corpo no dele, passava o braço por cima do peito dele e uma das coxas por cima das coxas dele. E depois...depois eles perdiam a razão. 27/04/2015
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