quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
Mané esta lá deitado no seu box da fisoterapia levando choquinhos e duas moças que também estavam na sala começam a conversar sobre amamentação, uma delas dizendo com orgulho que tinha interrompido a amamentação aos 2 meses e a outra elogiando-a pelo feito, uma vez que seus peitos tinha ficado caídos depois de 12 meses sendo sugada. Mané, que não gosta de escutar conversas alheias, principalmente aquelas recheadas de idiotias, deixou-se levar para longe e ficou pensando na época em que Samira e Anuar mamavam, coisa que se alongou por 18 meses. Mané lembra que ficava observando a cena embevecido e se impressionava como aquela simples ingestão de fluidos podia resolver todos os problemas da criança, quem dera pudéssemos ajudar nossos filhos de um jeito parecido pra sempre. Salma foi uma excepcional produtora de leite, qualquer pecuarista teria orgulho de tê-la no plantel, fosse ela uma vaca. Certa feita, preocupados por observarem que a mama fica endurecida ao longo do dia, foram ao médico que constatou que Salma produzia muito mais leite do que seus filhos podiam mamar e o médico os aconselhou a retirar o excesso com uma bombinha, ou se preferissem, de forma manual. Como assim, manual, perguntaram-se, e o médico respondeu: “fazendo uma ordenha, vou explicar”! Ao longo do tempo eles perceberam que seria mais fácil Mané retirar o leite ao invés de Salma em frente ao espelho e Mané assumiu a tarefa com prazer. Quando Salma sentia que o peito estava um pouco duro, eles sentavam um de frente pro outro e enquanto Salma segurava uma toalhinha embaixo do seio Mané se punha a manuseá-lo de cima pra baixo num movimento de expulsão e vocês nem imaginam as coisas que Mané viu saírem de lá. Pelotas enormes de nata iam escorrendo para o pano e, ao fim do processo, modéstia à parte, o peito de Salma ficava excelentemente macio. Mané adorava as sessões de ordenha, mas ele desconfia que para Salma a coisa fosse meio incomoda tanto que, depois do endurecimento resolvido, Mané queria continuar a massagem mas Salma sempre o enxotava peremptoriamente. Mané passou a vigiar os peitos de Salma e sempre se oferecia para uma ordenha, mas ela nem sempre aceitava, às vezes até lhe lançava um olhar assassino. Mané quis contar essa história para as duas garotas da fisioterapia quando as assustou ao sair do box mas achou que pudessem confundir as coisas então terminou seus exercícios e foi embora, não sem antes observar os decotes das damas que, até onde pôde ver, tinham ambas peitoral ok. 15/01/2020
É fim de tarde em São Paulo. Ainda não choveu então Mané aproveita para ir passear com o cão e Samira vai junto. No caminho Mané pergunta se ela quer um café e ela responde que prefere uma cerveja. Cerveja pra dois, pão de queijo pro Milu. As ruas ainda estão vazias, a preguiça entra pelo corpo junto com um pouquinho de álcool, tem uma brisa leve que sopra na calçada da padaria. O tempo escoa devagar, devagar, devagarinho, a Vila Madalena é nossa. No caminho de volta Samira vai à frente com o cão que faz cocô no cantinho de sempre e Mané, que vem dois passos atrás, recolhe os dejetos. Depois ele observa com amor a filha e o cão que seguem rebolando adiante. Mas, de repente, um estranhamento. Ele corre, alcança Samira e cochicha: " você está de pijama"? E Samira responde, "ih, é mesmo! E também com hidratante no cabelo!" Mané sorri para Samira e ela sorri de volta. Milu late! Eles chegam à portaria do prédio e entram. 9/01/2020
As 9:30 Mané já tinha deixado Anuar em Higienópolis e ja tinha feito fisioterapia no pé esquerdo, visando a próxima visita à ortopedista, se bem que a fisioterapeuta não é de se jogar fora e além de choques elétricos ela manuseia o pé de forma primorosa. Enfim, Mané saiu da avenida Indianópolis e se dirigiu pela 23 de maio até a rua Xavier de Toledo onde fica seu dentista desde tempos imemoriais. Sem trânsito, Mané estacionou no Shopping Light (16 + 10 por hora adicional) e foi ao consultório do odontologista, como ele prefere ser chamado. Passada a consulta, Mané saiu pimpão e se dirigiu à estação Anhangabaú, tomou o comboio da linha vermelha até a Sé, de onde trasladou-se à linha azul, de onde ainda foi até a Vila Mariana. Mais 800 metros de caminhada sem dor no pé e eis que Mané se encontra às 11:00, à frente da porta do escritório e enquanto procura a chave lhe vem uma epifania: o carro...ficou no shopping Light (16+10 por hora excedente). Então? 08/01/2020
Samira vai sair e procura sua chave. De narizinho empinado faz observações inaudíveis enquanto olha nos locais possíveis. Mané lava a louça e pergunta o que foi enquanto Salma ajuda a procurar. A garota pergunta pela chave: "vocês não usaram? Ninguém tirou ela daqui?" Salma pede pra ela ver se trocou de bolsa, Samira bufa dizendo que não e acusa, "abri a porta quando cheguei, alguém tirou do lugar." Então Mané se lembra de ontem quando ligou da rua e pediu pra ela descer, com qual casaco você estava, minha filha? Alguns segundos de silêncio depois, um voz animada: "achei"! E depois, porta abrindo, petisco para Milu, tchau pai, sai Samira saltitante. Tendo acabado a louça Mané volta pra sala e observa Salma que cochila: "se não sou eu, íamos procurar a chave até amanhã"! E Salma semi adormecida: "se não fosse você, onde será que ela pegaria essa mania de por a culpa nos outros?" Sem se abalar com o ataque, Mané foi até o quarto de Anuar e o viu cochilar, então, pegou seus óculos de leitura, o livro de Tariq Ali e aconchegou-se na poltrona. Pouco depois, enquanto lia, já escutava o ressonar de Salma. 05/01/2020
Mané acordou e olhou para esse relógio que não mais usa. Achou que tinha viajado no tempo e praguejou pois ainda era noite e ele deveria estar dormindo. Enumerou suas tarefas para hoje e diante do resultado perguntou-se afinal, quando é que será o próximo feriado. Depois virou pro lado e dormiu. שנה טובה 03/01/2020
Dentre as inúmeras pintas, manchas, marcas, perebas e quetais que Mané adquiriu com o tempo tem uma para qual a dermatologista perdeu a batalha. Não adiantou passar ácidos, pomadas ou ungüentos. A mancha, que é semovente, aparece e some a seu bel prazer. Fica no meio da testa e quando está nos melhores dias, parece aquela marca que fazem os indianos. Incomodado, Mané passou a observar diariamente o comportamento da mancha e percebeu que, quando estava mais relaxado, a malvada ficava praticamente invisível. Em compensação, depois de uma discussão com Salma, indo ao banheiro para se acalmar, Mané percebeu a mancha vermelha e ardente como uma chama. Comentou com Salma e, bingo, é uma mancha de stress. Comentou também com a dermatologista que disse: pode ser. Após alguns testes Mané pôde confirmar que, sim, com stress, mancha vermelha, sem stress, quase sem mancha. Aproveitando-se desse indicador, cada vez que Mané tem que tratar de um assunto estressante ele pede ao interlocutor para verificar a cor da mancha e se estiver vermelha ele de pronto adia a contenda. Com Salma ele nem precisa falar. Ela olha e se estiver vermelho já oferece uma massagem nos pés, um aperitivo ou um baseado. No entanto, se a mancha estiver invisível e tiver um assunto espinhoso a tratar ela graceja: senta aqui, vamos instalar um Bindi na sua testa. Nos tempos que vão a pereba anda permanentemente vermelha. Às vezes tem duas. 29/12/2019
Amanheceu molhado e Mané, que nos últimos dias trocou a caminhada no parque Villa Lobos pelo aprazível bairro de Higienópolis, vai apenas levar o filho e voltar pra casa pra ficar atazanando Salma pela chuva e pelo fato de não ter podido andar. Salma nem responde, mesmo quando Mané lhe conta sobre a incrível quantidade de conhecidos que encontra nos 45 minutos de caminhada por aquelas ruas. Aliás, Mané acha que essa é a pior parte. Os correligionários locais conseguiram construir um bairro tranquilo e bonito, quase plano e muito bom de andar, com ruas quase limpas e coisas interessantes de olhar. O problema é que a cada pouco encontra-se um conhecido e ele se sente na obrigação de cumprimentar, então além de caminhar fica aquela coisa de sorrir e chacoalhar a cabeça, isso quando a pessoa não insiste em parar pra conversar, o que representa a morte da caminhada. Nos dias de calor é mais fácil porque, suado, Mané ameaça abraçar a pessoa que acaba se afastando depressa, às vezes até com cara de nojo. Na praça Buenos Aires Mané não entra mais, ali parece uma festa de bar-mitsva. Fazer o que, talvez amanhã. 23/12/2019
Eis que Mané se encontra sentado diante da doutora ortopedista especialista em pés que observa atentamente as imagens da ressonância que tinha trazido. Ela murmura com a voz rouca e faz muxoxos deliciosos e depois de alguns minutos diz que não é nada assim tão grave mas...Mané não tem vontade de conversar e nem entende direito o que a moça fala, quer tirar o sapato e colocar o pé no colo dela mas o que ele vê é ela colocar os óculos e escrever uma, depois duas e depois três receitas, um remedinho por uma semana, dez sessões de fisioterapia e outro papel com recomendações para aliviar o estresse de esforço no quarto metatarso e Mané pensa que ele não é o Neymar pra ter problemas no metatarso mas ela não para de falar, a consulta já se dirige ao fim e Mané está quase colocando a viola no saco quando ela interrompe a falação e diz: "se me permite, gostaria de tirar uma dúvida, pode deitar aqui na maca e tirar o sapato"? Enquanto o céu plumbeo se abria e o sol esparramava sua luz pelo recinto, Mané esticou-se e colocou seu pé a alguns centímetros do rosto dela que, imediatamente começou a apalpar os dedos, o calcanhar, a sola e os tendões de Mané que, de olhos fechados quase nem ouviu quando ela pediu para que ele levantasse a calça até o joelho, coisa que ele fez de pronto para que ela pudesse examinar em detalhe todo o caminho entre o pé e a panturrilha mas como tudo que é bom acaba rápido ela finalmente se deu por satisfeita, olhou nos olhos de Mané e disse: "agora tenho certeza, pode se vestir, eu estava com dúvidas mas nada como o exame físico para dirimi-las". E sorrindo mais uma vez: “vamos desinflamar o pé, depois a gente cuida do resto”. E Mané saiu de lá sem saber exatamente o que ela quis dizer mas vai fazer as dez sessões rapidinho porque, afinal, temos que cuidar do resto. 20/12/2019
A essas alturas, Mané que levantou há três horas e meia, já acordou a família, fez suas abluções, passeou com o cachorro, comprou pão fresco, tomou café, foi levar o filho em Higienópolis onde circulou pelo bairro por 45 minutos a título de exercício e, na volta pra casa enfrentou trânsito na dr Arnaldo. Daqui a pouco vai passar na mãe pra pegar uma receita que precisa ser aviada, a cachorra da mãe toma o mesmo remédio que o seu filho Milu. Depois disso, por volta de 10:30/11:00, Mané vai chegar ao trabalho e fazer uma correria até às 15:00 porque tem um encontro, isto é, uma consulta de retorno com a ortopedista (morena, alta, atlética, muitos dentes brancos, vide postagem erótica, isto é, elucidativa, de dias atrás) a respeito do seu pé esquerdo. Nesse momento Mané está passando hidratante nos artelhos e depois de dar uma relaxada vai escolher uma meia limpinha e aguardar ansioso a hora do encontro, isto é, consulta. 19/12/2019
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