sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Sabemos que não é o que parece mas Mané foi uma criança frágil. Até o final da adolescência sobressaltou a família com episódios que denotavam grande vulnerabilidade na área da saúde. A principal preocupação de sua mãe era a bronquite asmática que o acometia. A mãe de Mané era tão preocupada que, mesmo estando na praia, caso batesse um ventinho, ela fazia Mané vestir um pull-over e sapatos para não molhar os pézinhos. Sempre tem vento na praia. Tinha crises de falta de ar e comumente precisava ser socorrido, sua mãe perdeu a conta das noites que teve de passar ao seu lado até o oxigênio voltar a circular pelas vias aéreas de Mané. Até hipnotismo usaram para tentar curá-lo mas, nada. Quem dava o alarme era Farida, sua irmã, de pronto corria a chamar sua mãe: “ele está sufocando”, e lá vinha ela com um comprimido de Franol que era enfiado em Mané garganta adentro, o ar não passava mas o Franol, sim! Depois ela permanecia ao seu lado embalando-o no peito, até o menino voltar a respirar e se acalmar. Aos 18, apesar do fato de que as crises tinham melhorado muito, quando Mané resolveu passar um ano em Israel, sua mãe o fez levar Franol suficiente para passar o ano. Eis que, talvez porque a viagem tenha sido para a Terra Santa, ao cabo da experiência, Mané voltou pra casa com todas as caixas de Franol fechadas. Não teve nenhuma crise no Oriente Médio e não teve mais nenhuma crise na vida. Mané caiu na besteira de contar essa história para Salma e esta, depois de escutar com atenção disse que não queria fazer nenhuma avaliação precipitada, que ele tinha que trabalhar isso numa terapia mas ela achava que a mãe dele o sufocava, não mecanicamente por óbvio, mas, de forma figurada que fique claro. 25/07/2020

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