sábado, 25 de setembro de 2021

Mané está na casa da mãe deitado no sofá da sala a observar enquanto ela vai dando os pontos no tricô. A colcha está pronta e agora ela começou um casaquinho. A nova bisnetinha vai ficar aquecida. Ela está murmurando para si própria e Mané pergunta o que foi e ela diz que não foi nada, “coisa de velho”. Fala, mãe! Ela então disse que fazer roupinha pra bebê faz ela lembrar da família que se foi. Era uma família tão grande, ela disse, dezessete tios eu tive, dos meus quatro irmãos, nenhum de seus filhos homens teve filho homem, nosso nome vai acabar. Não vai sobrar nem um Levy de nossa parte. Mané disse que tinha o filho do primeiro dos primos David da família que tinha tido um filho, Daniel. Ela olhou tristemente e respondeu que esse a gente quase não conhecia, está perdido aí pelo mundo e ele próprio tinha tido uma filha, portanto...é difícil. Mas que importância tem isso, mãe, Mané falou, as primas mulheres fizeram um monte de filho, os homens também, apesar de não serem varões, os descendentes estão por aí, nosso sangue ruim não vai acabar. Ela riu com o “sangue ruim” mas retrucou, o nome, filho, o nome acabou. Agora me deixa, quero terminar esse casaquinho pra minha bisneta, não tem meu nome mas é bisneta. Falar o quê? 28/04/21

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